quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"Na subida do morro"

Na subida do morro

Na subida do morro me contaram
Que você bateu na minha nêga
Isso não é direito
Bater numa mulher
Que não é sua
Deixou a nêga quase nua
No meio da rua
A nêga quase que virou presunto
Eu não gostei daquele assunto
Hoje venho resolvido
Vou lhe mandar para a cidade
De pé junto
Vou lhe tornar em um defunto

Você mesmo sabe
Que eu já fui um malandro malvado
Somente estou regenerado
Cheio de malícia
Dei trabalho à polícia
Prá cachorro
Dei até no dono do morro
Mas nunca abusei
De uma mulher
Que fosse de um amigo
Agora me zanguei consigo
Hoje venho animado
A lhe deixar todo cortado
Vou dar-lhe um castigo
Meto-lhe o aço no abdômen
E tiro fora o seu umbigo

Aí meti-lhe o aço, hum! Quando ele ia caindo disse:
- Morangueira você me feriu!
Eu então disse-lhe:
- É claro, você me desrespeitou, mexeu com a minha
nega.
- Você sabe quem em casa de vagabundo malandro não
pede emprego.
- Como é que você vem com xavecada, está armado; eu
quero é ver gordura que a banha está cara.

Aí meti a mão lá na duana, na peixeira, é porque eu
sou de Pernambuco, cidade pequena, porém decente,
peguei o Vargolino pelo abdome,
desci pelo duodeno, vesícula biliar e fiz-lhe uma
trepagem; ele caiu, bum
todo ensangüentado;

E as senhoras como sempre nervosas:
- Meu Deus esse homem morre, moço.
- Coitado olha aí está se esvaindo em sangue;
- Ora minha senhora, dê-lhe óleo canforado,
penicilina, estreptomicina crebiose, hidrazida e até
vacina Saibe;

Mas o homem já estava frio; Agora o malandro que é
malandro não denuncia o outro, espera para tirar a
forra. Então diz o malandro:

Vocês não se afobem
Que o homem dessa vez
Não vai morrer
Se ele voltar dou prá valer
Vocês botem terra nesse sangue
Não é guerra, é brincadeira
Vou desguiando na carreira
A justa já vem
E vocês digam
Que estou me aprontando
Enquanto eu vou me desguiando
Vocês vão ao distrito
Ao delerusca se desculpando
Foi um malandro apaixonado
Que acabou se suicidando.


Na subida do morro (Moreira da Silva & Ribeiro Cunha) - Moreira da Silva ao vivo(1973)
clique aqui!

Na subida do morro (Moreira da Silva & Ribeiro Cunha) - Moreira da Silva(1951)

Na subida do morro (Moreira da Silva & Ribeiro Cunha) - Moreira da Silva & Ney Matogrosso



A CANÇÃO CONTADA

O texto abaixo foi extraído do blog "Macacofonia":

E o breque do meio da semana é hoje com samba de “Kid Morengueira”, o gatilho mais rápido do oeste, que sempre gostou de cinema e aqui aparece cantando “Na subida do morro” no filme “Maria 38″ (1960), de Watson Macedo:



Música adequada para um pratão de feijoada, “Na subida do morro” conta a vingança de um malandro contra outro que bateu em sua mulher: Aí meti a mão lá na duana, na peixeira (…), peguei o Vargolino pelo abdome, desci pelo duodeno, vesícula biliar e fiz-lhe uma tubagem; ele caiu, bum!, todo ensangüentado.

Vendo o número musical isolado do filme, a cena é meio bizarra, com Moreira gingando e detalhando sua “cirurgia” no rival, enquanto os espectadores fumam e conversam impassíveis à malemolência morenguesca.

De sobremesa, um pudim: a gravação que Jards Macalé fez da mesma música, em “Macalé canta Moreira” (2001), seu disco-homenagem ao inventor do samba de breque, com participação de Zeca Baleiro. Tá na mesa: clique aqui!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Mambembe"

Mambembe

No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte, cantando
Por baixo da terra, cantando
Na boca do povo, cantando

Mendigo, malandro, moleque, molambo, marginal
Escravo fugido ou louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte, cantando
Por baixo da terra, cantando
Na boca do povo, cantando

Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Dormindo na estrada, não é nada, não é nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte, cantando
Por baixo da terra, cantando
Na boca do povo, cantando


Mambembe (Chico Buarque) - Chico Buarque(1972)
clique aqui!

Mambembe (Chico Buarque) - Nara Leao(1980)

Mambembe (Chico Buarque) - Ze Luiz Mazziotti ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Até pode dar-se o caso de que, afinal, não venha a ser a beleza a salvar o mundo... mas a verdade é que nos ilumina a existência. A beleza deste vídeo é, muito mais do que a canção ("Mambembe"), o gozo que o Chico e a Roberta Sá retiram deste momento a dois (a três, contando com o excelente guitarrista Marcello Gonçalves)... e a cumplicidade que escorre de cada olhar, de cada gesto, de cada palavra. Este nível de cumplicidade aperta os poros e faz levantar o pelos dos antebraços...

O Chico é o Chico e a Roberta Sá, a voz mais serena e bonita da nova música brasileira.

Extraído do blog “Cantigueiro”

"Mambembe" fez parte da trilha sonora do filme "Quando o carnaval chegar" de Cacá Diegues.


domingo, 8 de novembro de 2009

"Lealdade"

Lealdade

Serei, serei leal contigo, quando eu cansar dos teus beijos te digo e tu também liberdade terás Pra quando quiseres bater a porta sem olhar pra trás se o teu corpo cansar dos meus braços se o teu ouvido cansar da minha voz quando teus olhos cansarem dos meus olhos não é preciso haver falsidade entre nós serei, serei leal contigo....


Lealdade (Wilson Batista & Jorge de Castro) - Caetano Veloso ao vivo(1986)
clique aqui!

Lealdade (Wilson Batista & Jorge de Castro) - Orlando Silva(1942)


A CANÇÃO CONTADA

"Sei que a grande maioria adora o João Gilberto (inclusive eu!). Por isso, não vou deixar que essa conversa passe 'no batido', mas sim na batida... no toque do Midas, o grande João Gilberto!

Desta vez temos uma coletânea, reunindo momentos de apresentações ao vivo feitas pelo João em épocas e lugares distintos. Essas gravações, autênticos 'bootlegs', foram selecionadas e trabalhadas pelo meu amigo Christophe Rousseau e na parceria eu criei a capinha (gostaram?).

Temos 14 momentos do artista em apresentações que se iniciam em Recife, seguindo depois para outros lugares que não foi possível identificar e nem saber a data. Há também registros de encontro com o Astrud e o saxofonista americano Stan Getz, certamente feito nos 'States'. Eu acredito que algumas coisas aqui nunca chegaram a ser gravadas oficialmente por Ele. As gravações estão em muito boa qualidade e tratadas pelo Chris ficaram ainda melhor.

Sem dúvida, ouvir João Gilberto ao vivo é outra coisa. Seu carisma se faz presente apenas ao ouvi-lo e ao vivo fica inda mais evidente essa sensação. Minha intenção ao fazer esta postagem foi mais uma vez a de demonstrar o quanto Ele é importante para mim, para você e para todos os que estão vivos" clique aqui!

Extraído do blog "Toque Musical".



sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Ja te digo"

Já te digo

Um sou eu, o outro eu não sei quem é
Um sou eu, o outro eu não sei quem é
Ele sofreu pra usar colarinho em pé
Ele sofreu pra usar colarinho em pé

Vocês não sabem quem é ele? Pois eu vos digo!
Vocês não sabem quem é ele? Pois eu vos digo!
Ele é um cabra muito feio
Que fala sem receio, sem medo de perigo
Ele é um cabra muito feio
Que fala sem receio, sem medo de perigo

Um sou eu, o outro eu não sei quem é
Um sou eu, o outro eu não sei quem é
Ele sofreu pra usar colarinho em pé
Ele sofreu pra usar colarinho em pé

Ele é alto, magro e feio, é desdentado
Ele é alto, magro e feio, é desdentado
Ele fala do mundo inteiro, e já tá avacalhado aqui no Rio de Janeiro
Ele fala do mundo inteiro, e já tá avacalhado aqui no Rio de Janeiro


Ja te digo (China & Pixinguinha) - Nadinho da Ilha(1999)
clique aqui!

Ja te digo (China & Pixinguinha) - Ze da Velha & Silverio Pontes(2006)

Ja te digo (China & Pixinguinha) - Choro da Aldeia ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Considerando-se atingidos pelo “Quem são eles”, os irmãos Pixinguinha e China (Otávio da Rocha Viana) revidaram com o “Já te digo”, em que achincalham o rival Sinhô. Terceira resposta ao “Quem são eles” esta foi também a de maior sucesso e a mais cruel ( “Ele é alto, magro e feio / e desdentado / ele fala do mundo inteiro / e já está avacalhado…”), sendo as outras o “Fica calmo que aparece”, de Donga, e “Não és tão falado assim”, de Hilário Jovino. O curioso é que, a rigor, a polêmica foi gratuita, pois não havia no samba de Sinhô qualquer alusão ofensiva aos adversários.

Pela repercussão alcançada no carnaval de 1919, “Já te digo” projetou Pixinguinha como compositor. Com uma forma musical mais definida do que a maioria criada por seus contemporâneos, ele extravasava em suas composições um conhecimento teórico de música superior. “Já te digo” tem a forma A-B-A-C-A-D-A, sendo que cada grupo de quatro compassos é repetido sempre ao longo de cada segmento. A composição é ainda o primeiro exemplo da extraordinária capacidade de Pixinguinha de prender ouvinte já na introdução, um primor neste caso. Mais tarde, como arranjador de música alheia, isso se repetiria constantemente. Por coincidência, “Já te digo” e “Quem são eles” foram lançados por um mesmo cantor, o Baiano da Casa Edison clique aqui!

Extraído do site “Recordando a MPB”

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Imagens"

Imagens

A Lua É Gema Do Ovo
No Copo Azul Lá Do Céu
Se A Imagem É Maluca
Se Eu Sou Mau Compositor
É Que Tenho A Alma Em Sinuca
Maluca Pelo Teu Amor
O Beijo É Fósforo Aceso
Na Palha Seca Do Amor
Porém Foi O Teu Desprezo
Que Me Fez Compositor.


Imagens (Valzinho & Orestes Barbosa) - Jards Macale(1974)

Imagens (Valzinho & Orestes Barbosa) - Zeze Gonzaga(1979)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Hora da razao"

Hora da razão

Se eu deixar de sofrer,
Como é que vai ser para me acostumar.
Se tudo é carnaval eu não devo chorar,
Pois eu preciso me encontrar
...... Se eu deixar de sofrer...(bis)

Sofrer também é merecimento,
Cada um tem seu momento
Quando a hora é da razão.
Alguém vai sambar comigo
E o nome eu não digo,
Trago tudo no coração
..............................................
.... Se eu deixar de sofrer....


Hora da razao (Batatinha & J. Luna) - Adriana Moreira(2006)
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Hora da razao (Batatinha & J. Luna) - Batatinha(1976)

Hora da razao (Batatinha & J. Luna) - Beth Carvalho ao vivo

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Goiabada cascao"

Goiabada cascão

Goiabada cascão em caixa
É coisa fina, sinhá
Que ninguém mais acha

Rango de fogão de lenha
Na festa da Penha
Comido com a mão
Já não tem na praça
Mas como era "bão"

Hoje só tem misto quente
Só tem milk shake
Só tapeação
Já não tem mais caixa
De goiabada cascão

Goiabada cascão em caixa...

Samba de partido alto
Com a faca no prato
E batido na mão
Já não tem na praça
Mas como era "bão"

Hoje só tem som de black
Só tem discoteque
Só imitação
Já não tem mais caixa
De goiabada cascão

Goiabada cascão em caixa...

Vida na casa de vila
Correndo tranquila
Sem perturbação
Já não tem na praça
Mas como era "bão"

Hoje só tem conjugado
Que é mais apertado
Do que barracão
Já não tem mais caixa
De goiabada cascão

Goiabada cascão em caixa...


Goiabada cascao (Wilson Moreira & Nei Lopes) - Beth Carvalho(1978)
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Goiabada cascao (Wilson Moreira & Nei Lopes) - Dudu Nobre(2004)

Goiabada cascao (Wilson Moreira & Nei Lopes) - Nei Lopes & Samba do Baú ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Um dia , Sergio Cabral disse que o Dino (sete cordas) era “goiabada cascão em caixa”, algo muito raro. A partir daí, passou a simbolizar coisa fina, que ninguém mais acha.

A canção "Goiabada cascão" passou a fazer parte das rodas de samba pelo Brasil afora. Adiante, com o autor da melodia, mestre Wilson Moreira, acompanhado do Grupo Candongueiro:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Favela"

Favela

No carnaval
Me lembro tanto da favela oi
Onde ela oi morava

Tudo que eu tinha
Era uma esteira e uma panela oi
Mais ela oi gostava

Por isso eu ando
Pelas ruas da cidade
Vendo que a felicidade
Foi aquilo que passou

Que a favela
Que era minha e era dela
Só deixou muita saudade
Porque o resto ela levou

Me lembro tanto
Do café numa tigela oi
Que ela oi me dava

E uma reza que por mim
Lá na capela oi
Só ela oi rezava

Por isso eu ando
Pelas ruas da cidade
Vendo que a felicidade
Foi aquilo que passou

E a favela
Que era minha que era dela
Só deixou muita saudade
Porque o resto ela levou

Outro dia
Eu fui lá em cima
Na favela oi
E ela oi não estava

O que era casa
Eu encontrei uma chinela oi
Que ela oi sambava

Por isso eu ando pelas ruas da cidade
Vendo que a felicidade
Foi aquilo que passou

E que a favela
Que era minha e era dela
Só deixou muita saudade
Porque o resto ela levou


Favela (Hekel Tavares & Joracy Camargo) - Luiz Roberto(1960)
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Favela (Hekel Tavares & Joracy Camargo) - Maysa(1962)

Favela (Hekel Tavares & Joracy Camargo) - Ana Salvagni



A CANÇÃO CONTADA

Raul Roulien, ator e cantor, foi o primeiro a gravar "Favela" em 1933. clique aqui!

Comentário de Andrea Tavares, neta de Hekel Tavares, ao blog "Fósforo" de David Brazil em 27/08/2009:

"É sempre bom saber que tem gente que aprecia a obra de Hekel.

Sou suspeita para falar, pois ele foi meu avô e cresci escutando suas canções.

Uma das minhas canções preferidas é "Favela"….e os concertos para piano e orquestra e o Anhaguera são de emocionar.

Uma dica: João Gilberto gravou "Guacyra", outra canção de Hekel muito linda!

Abraço

Andrea"



terça-feira, 20 de outubro de 2009

"E nada mais"

E nada mais (Cesar Siqueira & Maria Rita) - Elizeth Cardoso(1958)
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E nada mais (Cesar Siqueira & Maria Rita) - Helena de Lima(1956)

domingo, 18 de outubro de 2009

"De menor"

De menor

Sou o menor dos pequeninos
O mais pobre dos plebeus
O alheio inquilino
O mais baixo pigmeu
O comum do singular
O último dos derradeiros
Viandante e pelegrino
O mais manso dos cordeiros

Eu sou maior
Em lampejos de brandura
De Angelica candura
Dos mistérios do amor
Sou bem maior
Que os pinheirais da humanidade
Pelos campos da bondade
Eu sou a felicidade


De menor (Ederaldo Gentil) - Ederaldo Gentil(1976)
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De menor (Ederaldo Gentil) - Noite Ilustrada(1977)


A CANÇÃO CONTADA

"Eu nunca tinha visto nada sobre o compositor baiano, Ederaldo Gentil (nascido em 1943), em publicações. A divulgação nacional do artista, foi sofrível. Se não fosse o programa do Adelzon Alves, "O Amigo da Madrugada" levado ao ar, durante mais de duas décadas, pela rádio Globo do Rio de Janeiro, o moço teria sido vítima do ostracismo, em pleno auge da sua carreira.

Duas criações dele, estão inclusas, entre as mais belas canções, que já ouvi na MPB. "O ouro e a madeira" e "De menor", gravadas pelo extinto conjunto "Nosso Samba" que acompanhava a maravilhosa Clara Nunes."

"Extraído de Aldemir Bispo"

Em 1999, seu parceiro Edil Pacheco produziu, com patrocínio da COPENE, o disco "Pérolas Finas", fazendo uma retrospectiva da carreira de Ederaldo Gentil. O belíssimo disco conta com participações especiais de grandes artistas, como Paulo Cesar Pinheiro que gravou "De menor". clique aqui!

sábado, 17 de outubro de 2009

"Caco velho"

Caco velho

Reside no subúrbio do Encantado
Num barracão abandonado
João de Tal
Cabra falado
E dizem que viveu fora da lei
Foi um rei
Que zombava da morte
Tinha um santo forte
No meio da gente bamba
O seu prazer era tirar um samba
Pulava, dava rasteira
Topava briga de qualquer maneira
Mas hoje é um caco velho
Que não vale nada
Tem a cabeça branca
A pele encarquilhada
Faz até pena ver o seu estado
A vida é essa
É um segundo que se esvai depressa
Todos nós temos o nosso momento
E depois dele o esquecimento


Caco velho (Ary Barroso) - Aracy de Almeida(1958)
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Caco velho (Ary Barroso) - Paulinho da Viola(1995)


A CANÇÃO CONTADA

A canção "Caco velho" foi responsável pelo nome artístico dado ao cantor/compositor Matheus Nunes, conhecido como Caco Velho (1919-1971).

Nasceu na cidade de Porto Alegre - RS. Na infância, como as demais crianças, fazia pipas, jogava bola, brincava com bola de gude, pião e etc.

Observando as necessidades que passava a avó, toma uma decisão, com o intuito de ajudá-la, passando a vender balas nos cinemas em períodos de matinê e engraxava sapatos pela manhã, na região do comércio. O ganho não era grande, e o guri, passa a vender cigarros, fósforos e balas, em um tabuleiro, montado por ele no quintal de casa. Para aumentar seus ganhos e responsabilidade, passa a ir com a nova bandeja em períodos noturnos, comerciar os produtos no “BAR FLORIDA”.

Quando permanecia neste bar noturno, servindo clientes, entoava o samba de Ary Barroso, de nome “Caco velho", com batidas em caixinhas de fósforo e nas abas de seu tabuleiro. Estava com apenas nove anos de idade.

Mais tarde (1952), já com esse nome artístico, veio a gravar a canção, acompanhado ao piano pelo músico/compositor Hervê Cordovil. clique aqui!

"Extraído de Joao Augusto M. de Andrade"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Bambino"

Bambino

E se o ferro ferir
E se a dor perfumar
Um pé de manacá
Que eu sei existir
Em algum lugar

E se eu te machucar
Sem querer atingir
E também magoar
O seio mais lindo que há

E se a brisa soprar
E se ventar a favor
E se o fogo pegar
Quem vai se queimar
De gozo e de dor

E se for pra chorar
E se for ou não for
Vou contigo dançar
E sempre te amar amor

E se o mundo cair
E se o céu despencar
Se rolar vendaval
Temporal carnaval
E se as águas correrem
Pro bem e pro mal

Quando o sol ressurgir
Quando o dia raiar
É menino e menina
Bambino, bambina
Pra quem tem que dar
No final do final

E se a noite pedir
E se a chama apagar
E se tudo dormir
O escuro cobrir
Ninguém mais ficar

Se for pra chorar
E uma rosa se abrir
Pirilampo luzir
Brilhar e sumir no ar

Se tudo falir
O mar acabar
E se eu nunca pagar
O quanto pedi
Pra você me dar

E se a sorte sorrir
O infinito deixar
Vou seguindo seguir
E quero teus lábios beijar


Bambino (Ernesto Nazareth & Jose Miguel Wisnik) - Elza Soares(2002)
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Bambino (Ernesto Nazareth & Jose Miguel Wisnik) - Na Ozzetti & Andre Mehmari(2005)

Bambino (Ernesto Nazareth & Jose Miguel Wisnik) - Na Ozzetti & Andre Mehmari



A CANÇÃO CONTADA

"Bambino" (Ernesto Nazareth), foi sucesso no Brasil em 1913… e é moderníssimo na voz de Elza Soares

"Extraído de Cris Bressan"

Elza Soares canta "Bambino", já com a letra de José Miguel Wisnik, no encerramento do filme "Garrincha - Estrela Solitária", de Milton Alencar:

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"As cancoes que voce fez pra mim"

As canções que você fez prá mim

Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei porque razão tudo mudou assim
Ficaram as canções e você não ficou.
Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou
Tanta coisa que somente entre nós dois ficou
Eu acho que você já nem se lembra mais.
É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste.
Quantas vezes você disse que me amava tanto
Tantas vezes eu enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só sem ter você aqui
Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou
Tanta coisa que somente entre nós dois ficou
Eu acho que você já nem se lembra mais
É tão difícil olhar o mundo e ver
O que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste
Quantas vezes você disse que me amava tanto
Tantas vezes eu enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só sem ter você aqui.


As cancoes que voce fez pra mim (Roberto & Erasmo) - Evinha(1999)
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As cancoes que voce fez pra mim (Roberto & Erasmo) - Roberto Carlos(1968)

As cancoes que voce fez pra mim (Roberto & Erasmo) - Maria Bethania & Erasmo Carlos ao vivo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Vibracoes"

Vibracoes (Jacob do Bandolim) - Joel Nascimento(1998)
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Vibracoes (Jacob do Bandolim) - Radames Gnattali & Camerata Carioca(1979)

Vibracoes (Jacob do Bandolim) - Conjunto Som Brasileiro



A CANÇÃO CONTADA

Em 1967 Jacob do Bandolim encerrava sua discografia com chave de ouro. "Vibrações" é o último disco solo de Jacob e seu conjunto, o Época de Ouro. Veja o que diz Henrique Cazes sobre o LP:

"[...] um caso raríssimo de unanimidade na discografia brasileira. "Vibrações", de 1967, é um dos discos mais perfeitos já realizados no país. É também um trabalho que resiste ao tempo, soando sempre atual [...]."

Neste registro, Jacob prova que nunca se acomodou com a fama de grande instrumentista e de que sempre buscava a perfeição como bandolinista. Os méritos também devem ser divididos com o conjunto Época de Ouro, que era formado por: Dino 7 Cordas, César Faria, Carlinhos Leite, Jonas Silva, Gilberto d'Ávila e Jorginho do Pandeiro.

Ouça a gravação do choro "Vibrações" que dá título ao disco! clique aqui!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Um grito parado no ar"

Um grito parado no ar (Toquinho & Guarnieri) - Ana de Hollanda(1980)
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Um grito parado no ar (Toquinho & Guarnieri) - Toquinho(1973)


A CANÇÃO CONTADA


Texto de Gianfrancesco Guarnieri, vinculado ao teatro de resistência, produzido por Martha Overbeck e Othon Bastos, em encenação de Fernando Peixoto. Um dos primeiros espetáculos que conseguem furar o cerco da Censura em plena ditadura, por meio de uma linguagem metafórica, que revela o inconformismo e a rebeldia característicos do período.

O espetáculo estreia quase simultaneamente a "Botequim", outro texto de Guarnieri, configurando as primeiras incursões do autor por um estilo figurado no qual se fazem referências indiretas à situação social e política do Brasil.

"Um grito parado no ar" reflete o momento difícil que a dramaturgia atravessa, desejosa de discutir problemas sociais, mas obrigada a evitar alusões explícitas que pudessem levar ao veto da Censura. Num depoimento prestado na ocasião, Guarnieri admite que "são minhas primeiras incursões no reino das metáforas e dos símbolos. Eu penso que esta ginástica possa ser útil, no sentido de que nos obriga a mexer com a gente mesmo. [...] Ter de modificar a própria maneira de falar pode ser bom, no sentido em que a modificação traz a conquista de novos instrumentos".

A peça gira em torno de um grupo de teatro em seu processo de trabalho e ressalta as dificuldades que enfrentam dentro e fora dos palcos.

Enfocando três planos de realidade, o diretor Fernando Peixoto descreve a estrutura do espetáculo: as articulações existentes na encenação: "Um diretor e cinco atores procuram realizar um trabalho, enfrentando toda sorte de pressões externas; o trabalho está sendo minado por uma infra-estrutura repressiva, que provoca uma crise de conseqüências insuspeitas; a peça que este grupo está procurando encenar é mostrada através de cenas isoladas, mas nunca totalmente definida. [...] noutro plano estão os poucos momentos em que o diretor e atores conseguem vencer; são mostrados exercícios de interpretação, laboratórios e improvisações, discussões sobre os personagens. O espectador assiste ao processo de criação do ator. A mística do teatro é desnudada. [...] No terceiro plano estão as entrevistas com o povo, todas autênticas, gravadas nas ruas de São Paulo. Na peça dentro da peça seriam entrevistas realizadas para servirem de material de estudo para a criação de suas personagens".

A ação de "Um Grito..." se utiliza da alegoria, mostrar o teatro como um local onde se trabalha e se fabrica uma aparência da realidade. Quando despojado de tudo, resta ao grupo de artistas somente um uníssono grito final, símbolo da luta e também da sobrevivência em meio à opressão reinante.

"Texto extraído em 05/07/1973, por ocasião da apresentação da peça no Teatro Aliança Francesa - São Paulo - SP"

"Um grito parado no ar”, levada pela primeira vez, em 1973, em Curitiba, logo ganhou espaço nacional. Mas não foi filha única desse ano. Ao ser lançada junto com “Botequim”, outra peça inédita do autor, marcou a história do teatro brasileiro, pois era um período em que um acúmulo de problemas externos ao teatro desestimulava imensamente a tarefa de escrever. A retração dos autores brasileiros estava forte demais, e é nesse momento político em que o teatro se vê pressionado pela Censura, que Guarnieri a dribla e leva aos palcos de muitas cidades brasileiras duas peças. Guarnieri, em muitos de seus depoimentos e entrevistas, revelou que estas peças tiveram uma ou outra palavra cortada, uma ou outra expressão trocada, mas no fundamental a "coisa" ficou como foi escrita.

Guarnieri nos relata que estas obras foram suas primeiras incursões no reino das metáforas e dos símbolos; experiência interessante do ponto de vista artesanal, pois foi preciso superar dificuldades, não pela linha reta, mas dando voltas. “Foi a única colaboração realmente ‘legal’ da censura”.

Extraído de “UM GRITO PARADO NO AR – A METÁFORA DA RESISTÊNCIA”, de Maria Cristina Monteiro.



quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Teleco-teco"

Teleco-teco

Teleco-teco teco-teco teco-teco
Ele chegou de madrugada batendo tamborim
Teleco-teco teco teleco-teco
Cantando "Praça Onze",
dizendo "foi pra mim"
Teleco-teco teco-teco teco-teco
Eu estava zangada e muito chorei
Passei a noite inteira acordada
E a minha bronquite assim comecei

Você não se dá o respeito
Assim desse jeito, isso acaba mal
você é um homem casado
Não tem o direito de fazer carnaval?
Ele abaixou a cabeça, deu uma desculpa e eu protestei
Ele arranjou um jeitinho, me fez um carinho e eu
perdoei


Teleco-teco (Marino Pinto & Murillo Caldas) - Aracy de Almeida(1958)
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Teleco-teco (Marino Pinto & Murillo Caldas) - Isaura Garcia & Conjunto de Benedito Lacerda(1942)

domingo, 27 de setembro de 2009

"Serra do luar"

Serra do luar

Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descansar

Viver é afinar o instrumento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descansar

Viver é afinar o instrumento (de dentro)
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro


Serra do luar (Walter Franco) - Leila Pinheiro(1991)
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Serra do luar (Walter Franco) - Walter Franco(1981)

Serra do luar (Walter Franco) - Naima ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Mais do que simples letras construídas em estrofes e melodias, Walter Franco distribui palavras, emblemáticas poesias concretas, multifacetadas em suas colagens e com uma visão muito filosófica e, por que não, estranha das vicissitudes da vida – “Viver é afinar um instrumento a toda hora, de dentro pra fora, de fora pra dentro” (*). São letras que servem como uma via de mão dupla - a da canção e a da parcimônia palavra propriamente dita.

(*) trecho da letra da canção “Serra do luar” que participou do festival, MPB-Shell em 1981.

“Jairo Lavia em 09/08/2005”

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Refavela"

Refavela

AIaiá, kiriê
Kiriê, iaiá

A refavela
Revela aquela
Que desce o morro e vem transar
O ambiente
Efervescente
De uma cidade a cintilar

A refavela
Revela o salto
Que o preto pobre tenta dar
Quando se arranca
Do seu barraco
Prum bloco do BNH

A refavela, a refavela, ó
Como é tão bela, como é tão bela, ó

A refavela
Revela a escola
De samba paradoxal
Brasileirinho
Pelo sotaque
Mas de língua internacional

A refavela
Revela o passo
Com que caminha a geração
Do black jovem
Do black-Rio
Da nova dança no salão

Iaiá, kiriê
Kiriê, iaiá

A refavela
Revela o choque
Entre a favela-inferno e o céu
Baby-blue-rock
Sobre a cabeça
De um povo-chocolate-e-mel

A refavela
Revela o sonho
De minha alma, meu coração
De minha gente
Minha semente
Preta Maria, Zé, João

A refavela, a refavela, ó
Como é tão bela, como é tão bela, ó

A refavela
Alegoria
Elegia, alegria e dor
Rico brinquedo
De samba-enredo
Sobre medo, segredo e amor

A refavela
Batuque puro
De samba duro de marfim
Marfim da costa
De uma Nigéria
Miséria, roupa de cetim

Iaiá, kiriê
Kiriê, iáiá.


Refavela (Gilberto Gil) - Gilberto Gil(1977)
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Refavela (Gilberto Gil) - Nair Candia & Jaime Alem(2001)

Refavela (Gilberto Gil) - Gilberto Gil ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Ao sair do Ministério, Gilberto Gil ofereceu a Lula, como jinglemarca para todo governo, sua música "Refazenda" (1975). “Esse governo significa uma refazenda extraordinária para o país. O presidente me relatava há pouco o avanço da agricultura familiar com os biocombustíveis”, dizia o cantor-ex-ministro. Já em "Refavela" (1977), composta por ele depois de uma viagem à África, o cantor propunha outra imagem para nosso afro-país: “A refavela / Revela o choque / Entre a favela-inferno e o céu / (…) A refavela / Alegoria / Elegia, alegria e dor / Rico brinquedo / De samba-enredo / Sobre medo, segredo e amor”. Qual das duas imagens você acha mais sugestiva para o atual momento do Brasil?

Evidentemente, o artista está muito acima do político (o que não é raro). Acho que a declaração do ex-ministro e a bela e utópica letra da canção demonstram apenas uma grande verdade: é mesmo melhor que ele saia cantando do que falando.

"Publicado em 24/09/2008 por Francisco Alambert, que formou-se historiador em 1987 pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fez mestrado (1991) e doutorado (1998) em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), instituição da qual é professor titular desde 2003".

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Quase fui lhe procurar"

Quase fui lhe procurar

Eu pensei em lhe falar
Quase fui lhe procurar
Mas evitei, e aqui fiquei
Sofrendo tanto a esperar

Que um dia você por fim
Talvez voltasse para mim
Mas me enganei, então eu vi
O longo tempo que perdi

E agora, eu não sei mais por que
Não consigo lhe esquecer
Eu quero lhe pedir para deixar
Pelo menos, lhe encontrar pra dizer

Que errei
Mas se você me aceitar
Vou prometer
Recomeçar um grande amor
Que por tão pouco acabou, que por tão pouco acabou


Quase fui lhe procurar (Getulio Cortes) - Luiz Melodia(1997)
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Quase fui lhe procurar (Getulio Cortes) - Roberto Carlos(1968)

Quase fui lhe procurar (Getulio Cortes) - Gil & Ale



A CANÇÃO CONTADA

“Quase fui lhe procurar”. Essa foi uma canção que fiz despretensiosamente, mas que caiu no gosto popular. Roberto (Carlos) gosta tanto que até a regravou em 1995. Para mim foi uma surpresa muito agradável. Eu não esperava. Acho que ele quis me prestar uma homenagem, numa época em que eu estava passando por uma situação difícil.

Sérgio Motta, irmão do Mauro Motta, é muito meu amigo e me disse que Roberto queria me ver. Fui ao estúdio onde ele estava gravando. Foi um encontro muito legal. Ele me perguntou se eu tinha alguma música nova. Eu havia feito uma com o Hélio Justo, mas era num estilo muito antigo e Roberto não gostou. Então resolveu regravar “Quase fui lhe procurar”.

A regravação eu ouvi, pela primeira vez no rádio, mas antes houve um momento de grande alegria na minha vida. Eu liguei para a Sony, para saber dos direitos autorais, e recebi um recado para ligar para o escritório do Roberto, em São Paulo. Eu estava na TELERJ, em Madureira (Rio de Janeiro), e de lá mesmo liguei para São Paulo. Eu não sei como eles me colocaram em contato com o Roberto, que estava no estúdio em Miami. Falei direto com ele, que me contou que tinha regravado a minha música. Imagine que ele ainda me perguntou se eu estava feliz. Eu nem mesmo acreditei que estava falando com ele e perguntei: É você mesmo, Charles? É assim que eu o chamo, Charles.

“Entrevista dada por Getulio Cortes à Carlos Eduardo F. Bittencourt, em 1998”.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Para-raio"

Para-raio

Descalço num pequeno espaço
Deitado em quarto crescente
Pálido, cálido, espírito ausente
Calado, de corpo fechado
Não traço, não sigo, não sou obrigado
Não faço segredo, não sou bem dotado
Cabeça feita, visão na estrada
Esqueço do medo, não choro por nada
No braço do mar, bem na ponta d'areia
A terra treme, o tempo serra
Quem manda na chuva é o vento
Quem manda na chuva é o vento

E pára-raio
Cata-vento
E pára-raio
Cata-vento
E pára-raio
E pára o tempo
E pára
E pára-raio
Cata-vento


Para-raio (Djavan) - Jane Duboc(1980)
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Para-raio (Djavan) - Lani Hall(1981)

Para-raio (Djavan) - Djavan