terça-feira, 30 de março de 2010

"Chuva, gente e carnaval"

Chuva, gente e carnaval (Ivor Lancellotti) - Marisa Gata Mansa(1974)
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Chuva, gente e carnaval (Ivor Lancellotti) - Ivor Lancellotti & Marisa Gata Mansa & Terra Trio ao vivo(1976)

Chuva, gente e carnaval (Ivor Lancellotti) - Delcio Carvalho(1980)


A CANÇÃO CONTADA

O compositor Ivor Lancellotti iniciou sua carreira profissional depois de participar com sucesso (e vencendo) o Festival Universitário promovido pela TV Tupi em 1972. A música era "Estiada" (parceria com Marco Pinheiro), cantada por Marisa Gata Mansa, que dois anos mais tarde (1974) gravaria "Chuva, Gente e Carnaval" (ouça acima). Mesmo ano (1974) em que Elizeth Cardoso gravou canções do Ivor, dando o destaque que faltava a sua carreira. O seu primeiro show "Encontro de Amor", aconteceria apenas em 1976, ao lado da mesma Marisa Gata Mansa, no Teatro da Galeria", no Rio de Janeiro (ouça acima). Esse samba, também, fez parte do primeiro LP do compositor Délcio Carvalho (ouça acima).

Resolvi voltar ao começo da vida do autor, pois naquele momento já era seu fã e admirador. Hoje amigo, sem ter perdido a posição anterior em nenhum momento, me junto aqueles que comemoram a passagem dos seus 65 anos (30/03/2010).

sábado, 27 de março de 2010

"Sera"

Será

Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Eu posso estar sozinha
Mas eu sei muito bem aonde vou
Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor

Será só imaginação
Será que nada vai acontecer
Será que é tudo isso em vão
Será que vamos conseguir vencer

Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Pra que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração

Será só imaginação
Será que nada vai acontecer
Será que é tudo isso em vão
Será que vamos conseguir vencer

Brigar pra que se é sem querer
Quem é que vai nos proteger
Será que vamos ter que responder
Pelos erros a mais
Eu e você

Será só imaginação
Será que nada vai acontecer
Será que é tudo isso em vão
Será que vamos conseguir vencer

Brigar pra que se é sem querer
Quem é que vai nos proteger
Será que vamos ter que responder
Pelos erros a mais
Eu e você


Sera (Dado Villa Lobos & Renato Russo & Marcelo Bonfa) - Legiao Urbana(1984)
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Sera (Dado Villa Lobos & Renato Russo & Marcelo Bonfa) - Simone(1991)

Sera (Dado Villa Lobos & Renato Russo & Marcelo Bonfa) - Diversos Grupos ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

"Será", a primeira canção do primeiro disco da "Legião Urbana" começa com os seguintes versos: "Tire suas mãos de mim / Eu não pertenço a você". Parecia uma declaração de princípios punks, autoritária e arrogante, onde o grito de independência pressupõe o corte de todos os laços (afetivos, de qualquer tipo de pertencimento) com o mundo ao redor e com as pessoas que vivem nesse mundo. Mas "Será" não é, nem de longe, uma re-edi ção irônica de "Sub-Mission" dos Sex Pistols. "Será" é o início do diálogo (com um "você" ambíguo, em constante metamorfose, que re-aparecerá em inúmeras outras músicas da Legião Urbana) e a primeira tentativa de construção de um outro mundo regído por princípios éticos pós-punks, que levem em conta (e ao extremo) a ausência de futuro e a descrença radical sobre o que passou.

"Será" é antes de tudo uma canção romântica (não foi por acaso que também fez sucesso na voz de Simone e no rítmo melodramático do pagode-suingue), tão romântico quanto a escrita do mais desesperado poeta romântico alemão, que também vivia o fim de um mundo. O sentimento predominante em "Será", e nas demais faixas do primeiro disco da Legião Urbana, não é a revolta, mas sim o desamparo ("Quem é que vai nos proteger?") e a necessidade urgente de criação de uma nova comunidade, sem depender de ninguém, já que ninguém nos protege.

Extraído da história da banda “Legião Urbana”.

"Depois de dois meses em Brasília, chegou a notícia de que a única pessoa que poderia produzir o disco era o jornalista José Emílio Rondeau, que escrevia sobre música desde 1977... Renato (Russo) ficou feliz. Gostava muito dele e de sua mulher, Ana Maria Bahiana.

Inclusive já fizera chegar às mãos deles por um amigo comum — o fanzineiro Tom Leão — uma fita com as músicas da Legião Urbana. Pois foi justamente essa fita que maravilhou Rondeau. “O que me chapou de vez foi Será”, contaria. Chamaram-lhe a atenção não só os versos mais que adequados aos estertores do regime militar (“Será que vamos conseguir vencer?”) mas também o modo como Renato “parecia um cavaleiro romântico atravessando tempestades e vendavais para chegar ao amor, e pela maneira como a banda parecia determinada a cruzar as mesmas intempéries a qualquer custo”.

Trecho do livro "O Trovador Solitário"


RENATO RUSSO, se estivesse entre nós, comemoraria hoje 50 anos, enquanto isto RENATO (meu filho) e RUSSO prá confirmar que "amigo é prá essas coisas" chegam a fazer concessões difíceis de acreditar:





"Caprichos do destino"

Caprichos do destino

Se Deus um dia
Olhasse a terra e visse o meu estado
Na certa compreenderia
O meu trilhar desesperado
E tendo ele em suas mãos o leme dos destinos
Não deixar-me-ia assim a cometer desatino

E doloroso, mas infelizmente é a verdade
Eu não devia nem sequer pensar
Numa felicidade que não posso ter mais
Sinto uma revolta dentro do meu peito
E muito triste não se ter direito
Nem de viver

Jamais consegui
Um sonho ver concretizado
Por mais modesto e banal
Sempre me foi negado

Assim meu Deus francamente devo desistir
Contra os caprichos da sorte
Eu não devo insistir
Eu quero fugir ao suplício
A que fui condenado
Eu quero deixar esta vida
Onde eu fui derrotado
Sou um covarde bem sei
Que o direito é levar a cruz ate o fim
Mas não posso é pesada demais para mim

É doloroso mas infelizmente é a verdade
Eu não devia nem sequer
Pensar numa felicidade
Que não posso ter mais
Sinto uma revolta dentro do meu peito
E muito triste não se ter direito
Nem de viver


Caprichos do destino (Claudionor Cruz & Pedro Caetano) - Epoca de Ouro(1959)
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Caprichos do destino (Claudionor Cruz & Pedro Caetano) - Orlando Silva(1937)

Caprichos do destino (Claudionor Cruz & Pedro Caetano) - Ilton Jardim




Caprichos do destino (Claudionor Cruz & Pedro Caetano) - Escola Portatil(2008)

segunda-feira, 22 de março de 2010

"Naquela noite"

Naquela noite (Ze Gonzaga & Pedro Maranguape) - Oswaldinho do Acordeon(1980)
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Naquela noite (Ze Gonzaga & Pedro Maranguape) - Ze Gonzaga(1992)

sexta-feira, 19 de março de 2010

"Tortura de amor"

Tortura de amor

Hoje que a noite está calma
E que minha alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora

Volta, fica comigo só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta, meu amor
Fica comigo, não me despreze
A noite é nossa e o meu amor pertence a ti

Hoje eu quero paz,
Quero ternura em nossa vida
Quero viver, por toda vida, pensando em ti

Hoje eu quero paz,
Quero ternura em nossa vida
Quero viver, por todo vida, pensando em ti


Tortura de amor (Osmath Duck) - Adilson Ramos(1996)
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Tortura de amor (Osmath Duck) - Carlos Alberto(1993)

Tortura de amor (Osmath Duck) - Waldick Soriano ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

"Tortura de Amor", cuja letra foi vetada pela censura em 1974. Algum gênio do regime militar achou que a referência à tortura era mensagem cifrada de subversivo. Uma vez liberada, a canção, um bolero composto em 1962, da melhor concepção de Waldick, tornou-se grande sucesso na voz do cantor. Depois ganhou releituras nas vozes de Nelson Gonçalves, Fagner, Fafá de Belém, Maria Creuza clique aqui! e o grupo português Clã, entre outros.


Até recentemente (2008) a Banda "Sua Mãe" se apresentou cantando a canção no Prêmio Moda Brasil, que aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo:



Mas o melhor está por vir quando saudamos a entrada no ar do Blog do Maérlio Ceará www.remexendo.com.br com suas deliciosas histórias, como esta contada por ele e vivida por Waldick Soriano:

A SURRA QUE VALDICK LEVOU

Valdick Soriano foi um cantor desses a quem os bem letrados e bem nascidos costumam chamar de brega. Fez muito sucesso durante toda sua longa vida artística, diferente de outros dignos representantes da nossa “MPB” tão defendidos e elogiados pelos mesmos críticos.

Autor de centenas de composições, sendo a maioria boleros tipo dor-de-cotovelo, tinha um jeito próprio de ser, vestir, cantar e fazia o estilo machão latino que a muitas –pasmem – agradava. Dizia que nunca apanhou e parece até que foi verdade, mas só até o dia em que resolveu tirar proveito da rivalidade entre Crato e Juazeiro, cidades do sul do Ceará, bem na divisa com a terra de seu Luiz, o rei do baião.

Corria o ano de 1966 e tanto cratenses como juazeirenses gozavam da paz e tranquilidade que em suas cidades só eram quebradas com a visita indesejável de alguém da cidade vizinha. Era assim mesmo. A gente ia festar no Crato e apanhava, eles vinham pra Juazeiro, levavam o troco.

Sabedor disso, Valdick resolveu tirar proveito e falou mal de Juazeiro durante o show que fez no Crato. Como agradou, se empolgou, repetiu a dose e desceu a lenha no Crato quando foi cantar em Juazeiro. A turma delirou, mas não por muito tempo. Esqueceram de contar pro decente que em briga de irmãos ninguém se mete. Resultado: as duas cidades combinaram e os maus meninos das boas famílias deram um cacete medonho nele lá e cá.

Lembro quando ele chegou a Juazeiro e parou na entrada pensando que o pessoal estava ali para saudá-lo. Coitado, vinha enfiado num terno de tropical azul e montado num Gordini vermelho novinho (40hp de emoção, dizia a propaganda). Foi muita emoção. O homem levou um cacete danado. Quanto mais apanhava mais o povo batia. Só pararam quando a polícia interveio sem muita vontade. Já o carro, coitado, saiu do furdum todo riscado e amassado. Mas o pior ainda estava por vir, foi o golpe de mestre pra fechar a história.

Carlão, jovem filho de uma família tradicional, pegou a camionete cachorreira do pai caçador e saiu com um amigo a catar tudo que era cachorro de rua da cidade. O show transcorria normalmente na quadra João Cornélio, quando chegou ao ápice, Carlão embocou a traseira da camionete na entrada da quadra e soltou os cachorros que haviam catado, todos com uma placa onde se lia: eu não sou Valdick não clique aqui!.


terça-feira, 16 de março de 2010

"Nao chora, nenem"

Não chora, nenem

Não chora neném, meu bem
Não chora neném, meu bem
Eu falei pra você
Que um homem
Não chora neném
Meu bem não chora
Neném, meu bem

Meu passado foi sofrido
O presente melhorou
Do futuro só Deus sabe
Eu sempre curti a mocidade
Porque o tempo me ensinou
Do que é bom correr atrás
Reconquistei a minha paz
Agora não choro mais

Nao chora, nenem (Ivone Lara) - Beth Carvalho(1979)
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Nao chora, nenem (Ivone Lara) - Ivone Lara & Martinho da Vila(1998)

Nao chora, nenem (Ivone Lara) - Carlos Alberto Portela ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Um dos partidos mais altos de Ivone Lara, lançado por Beth Carvalho em 1979 no álbum No Pagode, "Não Chora Neném" foi um dos números mais empolgantes e aplaudidos da gravação do primeiro DVD de Dona Ivone Lara, feita em show no Canecão (RJ) na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009. Convidados do número, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho improvisaram versos com tal maestria que Ivone não resistiu e ensaiou uns passos de samba pelo palco coberto de folhas. Mesmo assim, o diretor do show, Túlio Feliciano, solicitou a repetição do número - negada pelos convidados. "Mas repetir verso?!! Fui...", ponderou Arlindo, já saindo do palco. "Fica bonito verso de verdade", reiterou Zeca.

Extraído do blog Notas Musicais de Mauro Ferreira

sexta-feira, 12 de março de 2010

"Veneno"

Veneno

Mas o que me faz chorar
É esse fel que você vive a destilar
É essa a paga cruel que você me dá
Só o melhor meu coração te ofereceu
Você cuspiu no prato que comeu
E o mal que isso me faz
Não esperava isso de você jamais
Eu não sabia que você podia ser capaz
De alguém pedir a mão e receber
Depois vingar em vez de devolver
Dei o manto pra quem vai me desnudar
E em meu canto abriguei quem vai me expulsar
Eu te dei de beber
No mesmo copo você vai me envenenar


Veneno (Eduardo Gudin & Paulo Cesar Pinheiro) - Dona Inah(2008)
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Veneno (Eduardo Gudin & Paulo Cesar Pinheiro) - Marcia ao vivo(1975)

Veneno (Eduardo Gudin & Paulo Cesar Pinheiro) - Marcia & Eduardo Gudin & Theo da Cuica

terça-feira, 9 de março de 2010

"Folhas secas"

Folhas secas

Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quantas vezes
Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
E assim vou me acabando

Quando o tempo avisar
Que eu não posso mais cantar
Sei que vou sentir saudade
Ao lado do meu violão
Da minha mocidade.


Folhas secas (Nelson Cavaquinho & Guilherme de Brito) - Andre Mehmari & Celio Barros(1998)
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Folhas secas (Nelson Cavaquinho & Guilherme de Brito) - Guilherme de Brito & Trio Madeira Brasil(2003)

Folhas secas (Nelson Cavaquinho & Guilherme de Brito) - Beth Carvalho & Nicolas Krassik ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Façamos um pequeno parêntese e escutemos o trecho de um samba de Nelson Cavaquinho. Chama-se “Folhas secas”:

Quando eu piso em folhas secas

Caídas de uma mangueira

Penso na minha escola

E nos poetas

Da minha estação primeira

Não sei quantas vezes

Subi o morro cantando

Sempre o sol me queimando

E assim vou me acabando

Ao pisar em folhas secas caídas de uma mangueira, folhas mortas, dispostas na terra, o poeta pensa na sua morada, na Mangueira. Ali, junto a terra, e resultado da mesma terra, encontram-se as folhas secas da mangueira. Ao pisa-las, o poeta pensa na sua morada, isto é, traz novamente a sua morada enquanto lugar de realização de sua poesia, de seu samba. Isto só foi possível porque as folhas secas estavam junto a terra. Somente junto a terra, comprimindo as folhas, é que o poeta convoca mais uma vez sua morada. Estando agregado a terra o poeta mais uma vez se faz poeta, invocando sua morada.

Mas ainda nos diz o poeta: “Subi o morro cantando / Sempre o sol me queimando”. Ao subir o morro cantando, declamando sua poesia, habitando poeticamente e construindo sua morada, o poeta é tomado pelo calor do sol. Queimando, curtindo a pele, suportando o calor: assim o poeta canta seu samba. Do céu vem o aceno dos deuses, através dos raios solares, que esturricam o homem, cortando-lhe a pele. Do céu também vêm as tempestades, que alagam as ruas e arrastam os casebres e barracos. E eis que a resposta do poeta frente ao divino é cantar seu samba, construindo sua morada. Cantar, para o sambista, é superar a dor proporcionada pelo apelo do divino (“Nossos barracos são castelos / Em nossa imaginação” !?). Rasgando o corpo, o divino nos impõe uma dificuldade, uma nova possibilidade. No entanto, o poeta recebe essa dificuldade como um presente, e tenta, no esforço de retribuir, nomear os deuses, para assim estar disposto novamente ao presente divino. Assim é o movimento de dar, receber e retribuir.

Extraído de O poeta e sua morada: notas de um samba de Nelson Cavaquinho”, de Carlos Augusto Santana Pereira

Abaixo uma entrevista dada por Beth Carvalho:

Foi a primeira que eu gravei dele. Inclusive é a que abre o disco e também tem mais um motivo: depois que gravei essa música, ele me deu um cavaquinho dele de presente. Até então essa música era inédita clique aqui!.

Agora, mais um texto:

Nos sambas essa relação de pertença a um lugar aparece de forma explícita, como no samba "Folhas secas", que é especial na obra do Nelson Cavaquinho e do Guilherme de Brito, seu parceiro, onde a morada é uma escola de samba, localizada em um morro específico, a Mangueira, que é o seu lugar onde a experiência da vida está ligada ao passado, ao presente e ao futuro.

“Quando piso em folhas secas

Caídas de uma mangueira

Penso na minha escola

E nos poetas da minha Estação Primeira

Não sei quantas vezes

Subi o morro cantando

Sempre o sol me queimando

E assim vou me acabando

Quando o tempo avisar

Que eu não posso mais cantar

Sei que vou sentir saudades

Ao lado do meu violão

Da minha mocidade.”

Aqui a morada é um lugar, uma comunidade que evoca, traz sentimentos, lembranças. Neste samba notamos que há a percepção da vida como um ciclo de eterno recomeços em meio às labutas diárias e encontros. As coisas são sinais; as aparências (folhas secas de uma mangueira lembrando a Escola de Samba símbolo do Brasil, por exemplo) revelam significados profundos, histórias, sentimentos, laços.

Por um lado este samba vai mostrar a realidade do sinal, a percepção dessas folhas que caem e que quando pisadas o autor vai tomando contato com as lembranças que fazem-no rememorar fatos da vida. É uma espécie de maravilhamento diante do real que vai gerando uma relação de pertença àquele lugar. Por outro lado, o samba apresenta uma visão que valoriza a sacralidade do lugar, onde a realidade é percebida como provedora.

Escrito por José Eduardo Ferreira Santos.


Prá finalizar, de lambuja mais duas gravações: com Raul de Barros(1974) clique aqui! e com Rosemary(2006) clique aqui!.


quarta-feira, 3 de março de 2010

"Dor de cotovelo"

Dor de cotovelo

Beber pra esquecer é teimosia
Hoje muito whisky, muita alegria,
Amanhã ressaca, saco de gelo
O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo

A dor pra curar não tem receita
É corcunda que se deita
Sem achar a posição
E sentir saudade não faz mal
Não é no fundo do copo
Que você vai encontrar sua moral

Beber pra esquecer...


Dor de cotovelo (Joao Roberto Kelly) - Carminha Mascarenhas(1961)
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Dor de cotovelo (Joao Roberto Kelly) - Joao Roberto Kelly(1974)


A CANÇÃO CONTADA

"Viva a Brotolândia" é o álbum de lançamento da carreira da cantora Elis Regina, lançado em 1961 (ela com 16 anos) do seu contrato desde 1959 com a gravadora. A canção "Dor de cotovelo" lá estava clique aqui!.

Extraído do Wikipédia

segunda-feira, 1 de março de 2010

"El rey"

El rey

Eu vi El Rey andar de quatro
de quatro caras diferentes
de quatrocentas celas
cheias de gente

Eu vi El Rey andar de quatro
de quatro patas reluzentes
de quatrocentas mortes...

Eu vi El Rey andar de quatro
de quatro poses atraentes
de quatrocentas velas
feitas duendes


El rey (Gerson Conrad & Joao Ricardo) - Renato Braz(1998)
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El rey (Gerson Conrad & Joao Ricardo) - Secos e Molhados ao vivo(1974)

El rey (Gerson Conrad & Joao Ricardo) - Gerson Conrad & Trupi ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

El Rey” (João Ricardo – Gerson Conrad), é uma das menores faixas do disco, tendo apenas um minuto clique aqui!. Novamente o folclore lusitano mostra as suas influências sobre João Ricardo, em uma metáfora quase que em forma de galope medieval. Implicitamente, faz referência a celas cheias e a mortes de centenas. O ano era de 1973, celas, prisões e mortes eram normais nos porões da ditadura. A canção seria uma alegoria àqueles tempos sombrios? Talvez, mas os "Secos & Molhados" eram, supostamente alegres e leves para que se identificasse mensagem assim.

Extraído do site jeocaz.wordpress.com