domingo, 12 de setembro de 2010

"Meia volta" ou "Ana Cristina"

Meia volta ou Ana Cristina

Pelo olhar de Ana Cristina
já passaram tantas dores
que seus olhos de menina
já nem sonham mais
Mas seu jeito de tristinha
pode logo se acabar
se souber dar meia-volta
pra tristeza terminar

Vira, volta, vira a vida,
pelas voltas da alegria
E quem sabe Ana Cristina
pode então cantar

la la la la la la

Só quem der a meia-volta,
volta e meia vai cantar

la la la la la la...

Mas seu jeito de tristinha
pode logo se acabar
se souber dar meia-volta
pra tristeza terminar

Vira, volta, vira a vida,
pelas voltas da alegria
E quem sabe Ana Cristina
pode então cantar

la la la la la la

Só quem der a meia-volta,
volta e meia vai canta

la la la la la la...



Meia volta ou Ana Cristina (Antonio Adolfo & Tiberio Gaspar) - Claudette Soares(1969)
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Meia volta ou Ana Cristina (Antonio Adolfo & Tiberio Gaspar) - Os Pilantrocratas(1969)

Meia volta ou Ana Cristina (Antonio Adolfo & Tiberio Gaspar) - Rogerio Flausino ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

No dia do show, o Maracanãzinho era o Coliseu. Um barulho infernal sobrepujava com folga o som que vinha do palco - especialmente insuficiente nas delicadas harmonias de Marcos Valle ou nos desvarios psicodélicos de Gal Costa. Amáveis, as 30 mil pessoas aplaudiam e se divertiam como se aquilo fosse um sábado na praia, mas sem a menor intimidade com os acordes dissonantes ou com as páginas da Cashbox que Sergio Mendes comprava para divulgar seu trabalho. Mas tudo era festa. Até um vendedor de biscoitos foi aplaudido feito artista quando puxou um mar de braços com um saquinho branco. Já era noite quando Wilson Simonal e o Som Três subiram ao palco. "Me lembro como se fosse hoje da expressão no rosto do Simonal no momento em que ele subiu as escadas em direção ao palco do Maracanãzinho e percebeu que enfrentaria 30 mil pessoas", lembra César Mariano. "E 30 mil pessoas que estavam ali para assistir ao Sergio Mendes."


O receio fazia sentido, mas a fome daquelas pessoas por Simonal, todo mundo poderia supor, era grande. "De Cabral a Simonal" era a guinada mais franca de Simonal em direção ao gosto popular. Era um show sem medo de ser encerrado por "Meu limão, meu limoeiro", sem vergonha de enfileirar todos os hits, sem pudores em lançar, por duas horas, todos os ganchos possíveis para o fã carioca que o acompanhara na Excelsior por tantos anos - e que já não o via na telinha havia certo tempo. Ao mesmo tempo, depois de meses no Toneleros e Ginástico, algumas semanas no Bela Vista em São Paulo e outras no Canecão, o show estava fazendo parada na pequena e sofisticada boate Sucata, para um público carioca com dinheiro para gastar. Se "De Cabral a Simonal" já era um show repleto de apelo popular, o condensado de seis ou sete músicas que o cantor preparou para o Maracanãzinho tinha um poder de fogo concentrado.

A panela de pressão foi para os ares logo na música de abertura, "Meia-Volta (Ana Cristina)", uma midtempo escrita por Antônio Adolfo e Tibério Gaspar na sombra de "Sá Marina". Simonal acenou ao público, agradeceu os aplausos e abriu a boca para cantar: "Pelo
Olhar de Ana Cristina..." e 30 mil pessoas encheram seus jovens pulmões para cantar todo o resto da música: "...já passaram tantas dores/ que seus olhos de menina/ já nem sonham mais..." clique aqui!

Extraído do artigo "Trinta Mil por Um" - Biografia ajuda a entender o fenômeno de público que foi o cantor Wilson Simonal, o homem louvado por 30 mil vozes uníssonas no Rio de Janeiro, publicado no site www.rollingstone.com.br

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Tava na roda do samba"

Tava na roda do samba (Salvador Correia) - Almirante e seu Bando dos Tangaras(1932)
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Tava na roda do samba (Salvador Correia) - Os Satelites(1957)


A CANÇÃO CONTADA

"Tava na roda de samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô..."


Mas não eram em todos os lugares que os batuqueiros corriam ou iam presos, pois muitos ofereciam resistência e, do conflito com a polícia, surgiam até mortes. Mesmo entre eles haviam rivalidades e brigas, sendo os 'valentes' conhecidos devido ao andar gingado, o chapéu tombado, o olhar dormente e a fala cheia de gírias.

Dizem que esses malandros não eram bandidos, mas não gostavam de ficar com o prestígio abalado, por isso, eram generosos com os amigos e cruéis com os inimigos. Além do chapéu tombado, caído geralmente sobre a nuca ou sobre os olhos, usavam lenço no pescoço, camisa listrada, calças largas (boca sino) ou balão (bombacha), caídas sobre os sapatos de bico fino com salto carrapeta (apionado), não faltando a sua inseparável navalha.

E numa mistura de divertimento e passatempo, eles tinham a batucada como sua brincadeira predileta, como se aquilo fosse realmente uma 'escola de malandragem', cujo ritual era alimentado pelos surdos, chocalhos e pandeiros, além dos refrões de desafios, enquanto que no centro da roda, falavam com a cabeça ou com as pernas, mostrando sua destreza para justificar o prestígio de 'bamba' se fosse veterano ou para tirar sua 'patente' se fosse calouro.

Só entrava na roda quem era bamba de fato ou de direito, ou então os novatos que se achavam em condições de enfrentar os antigos. E ali surgiam os golpes mais diversos: a 'rapa', 'tesoura', 'banda', rabo-de-arraia', 'cabeçada', a 'baiana', 'bengala', 'tombo-de-ladeira', e tantos outros. E naquela mistura de corpos suados , corria a cachaça, chamada de 'ventarola' (nos dias de calor), e de 'capote' (quando chovia).

Quando a barra ficava pesada, uma navalha se agitava no ar, provocando um arrepio geral, e, então, um dos batuqueiros caia no chão todo ensagüentado, sendo a sua queda abafada pelo coro que cantava, acompanhado pelo ronco soturno da cuíca de barrica:

"Pau rolô, caiu,
Lá na mata ninguém viu..."

Extraído de "Do batuque à escola de samba", de Jorge Muniz Jr.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

"Soy loco por ti America"

Soy loco por ti America

Soy loco por ti, América, yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti, que su nombre sea Marti
Soy loco por ti de amores tenga como colores la espuma blanca de Latinoamérica
Y el cielo como bandera, y el cielo como bandera
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Sorriso de quase nuvem, os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas, o corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante desse país sem nome, esse tango, esse rancho,
Esse povo, dizei-me, arde o fogo de conhecê-la, o fogo de conhecê-la

Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente, antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto antes que a definitiva noite se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo, el nombre del hombre es pueblo

Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Espero a manhã que cante, el nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes, soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe com palmeiras, com trincheiras, canções de guerra
Quem sabe canções do mar, ai, hasta te comover, ai, hasta te comover

Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício, de susto, de bala ou vício
Num precipício de luzes entre saudades, soluços, eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos, nos braços de uma mulher, nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda dentro dos braços da camponesa, guerrilheira
Manequim, ai de mim, nos braços de quem me queira, nos braços de quem me queira

Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores



Soy loco por ti America (Gilberto Gil & Capinan) - Aizita(1968)
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Soy loco por ti America (Gilberto Gil & Capinan) - Olivia Byington(1983)

Soy loco por ti America (Gilberto Gil & Capinan) - Gilberto Gil ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Entrevista de José Carlos Capinan a Angélica Torres ( jornalista e poeta) em nov/2007:

Angélica: No documentário "O Sol – Caminhando Contra o Vento", da Tetê Moraes, Caetano depõe que encomendou a você e Gil a canção que resultou em "Soy loco por ti, América". Segundo ele, letra, ritmo e arranjo foram concepção dele, mas, como não tinha tempo, vocês dois fizeram, por isso ele a considera de autoria dele também. Já você conta no seu último livro que, inspirado na morte do Che, escreveu e levou a letra nos bastidores do Festival da Canção de 1968, para o Gil musicar. Quem diz a verdade?


Capinan: Não acredito que Caetano tenha encomendado a morte do Che, que foi a razão, para mim, de escrever a canção memorial, feita imediata e automaticamente, logo após saber a notícia de sua morte! Não recebi pessoalmente – antes ou depois desse fato – nenhuma encomenda de Caetano Veloso. Mas nada impede que ele houvesse pensado na época em cantar uma rumba dançante e a tivesse encomendado a alguém clique aqui!. Eu apenas desconhecia esse fato...


Entrevista de José Carlos Capinan a Ana de Oliveira:

Capinan: Assim como, menino, gostava de rumba, que prá mim era música brasileira. “Soy Loco por Ti, América” é isso.

Ana: Essa canção, cuja letra é sua, parece ter cumprido, no plano estético, o propósito de integrar toda a América Latina. Era essa a sua intenção com a letra, que entrelaça português e castelhano?

Capinan: A minha intenção era registrar a emoção pela morte de Che Guevara. Não quis dizer que eu era latino-americano, embora me sentisse assim. Sentia Cuba desde a revolução de Fidel Castro. Quando menino, tentava cantar rumbas e boleros em castelhano. E o carnaval baiano tinha muitas versões de rumbas pra frevo, não é? Na letra, busquei palavras do português e do castelhano que não demonstrassem ser de línguas diferentes. Algumas palavras me pareciam sonoramente mais poéticas em castelhano do que em português. Lembravam Federico García Lorca. Além disso, havia a coisa de uma estética do continente, numa época em que as diversas questões de cada país se aproximavam muito. Uma latinidade de mundo alternativo…


Em gravação ao vivo, Gilberto Gil dá a sua versão e canta: clique aqui!


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Baba alapala"

Baba alapala

Aganju, Xangô
Alapalá, Alapalá, Alapalá
Xangô, Aganju

O filho perguntou pro pai:
"Onde é que tá o meu avô
O meu avô, onde é que tá?"

O pai perguntou pro avô:
"Onde é que tá meu bisavô
Meu bisavô, onde é que tá?"

Avô perguntou "ô bisavô,
Onde é que tá tataravô
Tataravô, onde é que tá?"

Tataravô, bisavô, avô
Pai Xangô, Aganju
Viva egum, babá Alapalá!

Aganju, Xangô
Alapalá, Alapalá, Alapalá
Xangô, Aganju

Alapalá, egum, espírito elevado ao céu
Machado alado, asas do anjo Aganju
Alapalá, egum, espírito elevado ao céu
Machado astral, ancestral do metal
Do ferro natural
Do corpo preservado
Embalsamado em bálsamo sagrado
Corpo eterno e nobre de um rei nagô
Xangô



Baba alapala (Gilberto Gil) - Equale(2000)
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Baba alapala (Gilberto Gil) - Rita Ribeiro(2006)

Baba alapala (Gilberto Gil) - Gilberto Gil



A CANÇÃO CONTADA

De Gilberto Gil tomemos a canção “Babá Alapalá”, do álbum Refavela, o qual

reflete, até nas fotos da capa, a viagem de Gil à Nigéria em 1977, por ocasião do

FESTAC, momento auge, portanto, de sua conexão com a cultura iorubá. A canção

é uma homenagem ao orixá Xangô Aganju e a Babá Alapalá, nome de um egun

muito conhecido na Nigéria e cujo culto continua vivo na Bahia, na Ilha de Itaparica,

no templo Ilê Agboula. A letra utiliza os sons da língua iorubá. Quando escutei essa

música pela primeira vez, no final do filme "Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira

dos Santos, pareceu-me fortemente “africana”, como se fosse um ícone da própria

presença iorubá no Brasil. Contudo, uma audição mais analítica permite constatar

que sua textura rítmica é inteiramente binária, não muito distante da música pop

dançante, próxima do rock nacional. Os poucos elementos de acentuação estão a

cargo do contrabaixo e da guitarra, porém todos os instrumentos obedecem ao

compasso binário sem sequer quebrarem os acentos em contratempos. A percussão

não joga papel nenhum no arranjo da canção. A impressão de influência iorubá se

restringe, de fato, às palavras Xangô Aganju e Babá Alapalá.

Extraído de “A TRADIÇÃO MUSICAL IORUBÁ NO BRASIL:

UM CRISTAL QUE SE OCULTA E REVELA”

José Jorge de Carvalho




"A agua rolou"

A agua rolou

Muita água já rolou
Depois que o nosso amor passou
Muito orvalho já desceu
Depois que o nosso amor morreu
Desceu, rolou
E o que tinha pela frente carregou

Morreu, passou
Foi levado na corrente o nosso amor
O orvalho que desceu caiu na fonte
Rolou no monte fez o rio e transbordou
O rio passou por baixo da ponte
E no horizonte essa tristeza o mar levou
Todo pranto que correu
Toda mágoa que ficou
Teve um vento que bateu e carregou
E esse rio que rompeu
E esse vento que soprou
Sepultaram para sempre o nosso amor
(e a água rolou)


A agua rolou (Mauro Duarte & Paulo Cesar Pinheiro) - Banda Gloria & Cristina Buarque(2008)
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A agua rolou (Mauro Duarte & Paulo Cesar Pinheiro) - Samba de Fato(2008)

domingo, 22 de agosto de 2010

"Meu pequeno Cachoeiro"

Meu pequeno Cachoeiro

Eu passo a vida recordando
De tudo quanto aí deixei
Cachoeiro, Cachoeiro
Vim ao Rio de Janeiro
Pra voltar e não voltei
Mas te confesso na saudade
As dores que arranjei pra mim
Pois todo o pranto destas mágoas
Ainda irei juntar as águas
Do teu Itapemirim

Meu pequeno Cachoeiro
Vivo só pensando em ti
Ai que saudade dessas terras
Entre as serras
Doce terra onde eu nasci

Meu pequeno Cachoeiro
Vivo só pensando em ti
Ai que saudade dessas terras
Entre as serras
Doce terra onde eu nasci

Recordo a casa onde eu morava
O muro alto, o laranjal
Meu flamboyant na primavera
Que bonito que ele era
Dando sombra no quintal

A minha escola, a minha rua
Os meus primeiros madrigais
Ai, como o pensamento voa
Ao lembrar a terra boa
Coisas que não voltam mais
Meu pequeno Cachoeiro
Vivo só pensando em ti
Ai que saudade dessas terras
Entre as serras
Doce terra onde eu nasci

(Declamado):
"Sabe meu Cachoeiro
Eu trouxe muita coisa de você
E todas essas coisas
Me fizeram saber crescer
E hoje eu me lembro de você
Me lembro e me sinto criança outra vez"

Meu pequeno Cachoeiro
Vivo só pensando em ti
Ai que saudade dessas terras
Entre as serras
Doce terra onde eu nasci


Meu pequeno Cachoeiro (Raul Sampaio) - Orquestra Romantica Brasileira(2005)
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Meu pequeno Cachoeiro (Raul Sampaio) - Roberto Carlos(1970)

Meu pequeno Cachoeiro (Raul Sampaio) - Cantarella & Elias Borges ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

"Meu pequeno Cachoeiro" é uma música do cantor e compositor Raul Sampaio, que ficou conhecida nacionalmente na voz de Roberto Carlos. Em 28/07/1966 foi declarado oficialmente como hino da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, decretado pela lei municipal n° 1072/66.

Na letra original, em gravação do próprio autor em 1962, está "O meu bom jenipapeiro/ bem no centro do terreiro" em vez de "Meu flamboyant na primavera/ que bonito que ele era" clique aqui!.

Extraído de "Wikipédia".

A interpretação de "Meu pequeno Cachoeiro" com Roberto Carlos ao estilo voz & violão, é primorosa e intimista, numa gravação rara em estúdio preparativa para o álbum de 1970. Esta versão foi lançada discretamente em compacto duplo no ano seguinte (1971), está fora de catálogo até a presente data e já presentava alterações na letra e melodia originais.

Embora a letra seja de Raul Sampaio, Roberto Carlos compôs os versos que são declamados por ele na música clique aqui!.

Extraído de "Clube do Rei".

sábado, 21 de agosto de 2010

"Queria"

Queria

Queria, que você fosse o meu último bem
Queria, que não houvesse nada mais além
Do dia, em que chegamos a nos pertencer
Queria, que nunca fosse preciso esquecer

Queria, a mesma crença do primeiro amor
Queria olhar a vida sem nenhum temor
Queria, ainda crer no que já não se crê
Queria, que o derradeiro amor fosse você
(Bis)

Queria bendizer o dia do primeiro encontro, do primeiro olhar
Queria que o tempo parasse e que nunca chegasse o dia de chorar
Queria versos de alegria sobre a melodia da nossa canção
Queria que você somente, fosse eternamente a minha inspiração
(Bis)


Queria (Luis Carlos Parana) - Carlos Jose(1964)
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Queria (Luis Carlos Parana) - Emilio Escobar(1970)

Queria (Luis Carlos Parana) - Hebe(1965)

sábado, 14 de agosto de 2010

"Foi assim" ou "Juventude e ternura"

Foi assim

Foi assim
Eu vi você passar por mim
E quando pra você
eu olhei
Logo me apaixonei

Foi assim
O que eu senti não sei dizer
só sei que pude então
compreender
que sem você
meu bem
não posso mais viver

Mas foi tudo um sonho,
foi tudo ilusão
Porque não é meu
seu coração
Alguém roubou
de mim
seu amor
Me deixando nesta solidão

Foi assim
E agora o que é que eu vou fazer
Pra que você
consiga entender
Que sem você
meu bem
Não posso mais viver

Foi assim...



Foi assim ou Juventude e ternura (Renato Correa & Ronaldo Correa) - Evinha(1973)
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Foi assim ou Juventude e ternura (Renato Correa & Ronaldo Correa) - Wanderlea(1968)

Foi assim ou Juventude e ternura (Renato Correa & Ronaldo Correa) - Zizi Possi(1987)

A CANÇÃO CONTADA

No Brasil dos anos 60 a parceria entre o mercado discográfico e o cinema se desenvolveu de uma forma curiosa, que hoje ninguém lembra mais. A relação das imagens em movimento com a música, como se sabe, remonta às origens do cinema, quando os filmes mudos eram apresentados com música ao vivo.

A Jovem Guarda foi uma revolução romântica muito apropriada para o período pós-64. Ela não incomodava o sistema, apenas alienava mais o cidadão. "Se o tipo de vestimenta e o uso de cabelos longos podiam representar rebeldia às normas sociais vigentes ou desejo de transformações, o conteúdo das canções o desmentia. A música "Quero que vá tudo prô inferno", a mais importante na ascensão de Roberto Carlos, resume, de forma extremamente
feliz, as tendências e perspectivas dos jovens e adultos adeptos da Jovem Guarda: individualismo, desisteresse pelos acontecimentos da época, certo
comodismo e até apatia. A expressão "e que tudo mais vá pro inferno" caracteriza muito bem (ainda que os autores não tivessem a intenção) o desinteresse por tudo o que estava ocorrendo na sociedade brasileira."(CALDAS, 1995, p.54-55)

O cinema ajudou a fixar a ideologia do sociólogo Max Weber de que "o homem apolítico, no fundo endossa o regime vigente. Assim, a aparente indiferença política se reverteria em benefício da ideologia dominante no momento, justamente porque o apolítico não questiona, não reivindica, nada faz". (CALDAS, 1995, p.56)

Mais sorte teve Ternurinha, também conhecida como Wanderléa. Ela teve o seu próprio filme, "Juventude e ternura", onde interpreta Beth, uma cantora da juventude, oscilando entre a proteção de um fora-da-lei, Estênio (Anselmo Duarte), e o amor de um pianista, Guy (Ênio Gonçalves), decidindo-se por este último.

Extraído de “Filmografia da Jovem Guarda”, de Glênio Nicola Póvoas.

Abaixo trecho do filme no instante em que Wanderléa canta "Foi assim", de autoria dos irmãos Renato e Ronaldo Correa, integrantes do conjunto vocal "Golden Boys":

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Estatuinha"

Estatuinha

Se a mão livre do negro
Tocar na argila
O que é que vai nascer?
Vai nascer pote pra gente beber
Nasce panela pra gente comer
Nasce vasilha, nasce parede
Nasce estatuinha bonita de se ver
Se a mão livre do negro
Tocar na onça
O que é que vai nascer?
Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas
Nasce tapete pra cobrir o nosso chão
Nasce caminha para cobrir nosso ialê
E atabaque pra se ter onde bater
Se a mão livre do negro
Tocar na palmeira
O que é que vai nascer?
Nasce choupana pra gente morar
E nasce a rede pra gente embalar
Nascem as esteiras pra gente deitar
Nascem os abanos pra gente abanar
Pra gente abanar, pra gente abanar


Estatuinha (Edu Lobo & Guarnieri) - Edu Lobo(1965)
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Estatuinha (Edu Lobo & Guarnieri) - Elis Regina(1966)

Estatuinha (Edu Lobo & Guarnieri) - Ilana Volcov(2010)

Estatuinha (Edu Lobo & Guarnieri) - Iris Salvagnini & Marilia Medalha



A CANÇÃO CONTADA

O clima político da época favoreceu o desenvolvimento de espetáculos teatrais que objetivavam a popularização de uma cultura engajada e nacionalista como resposta ao Golpe Militar. Nos espetáculos musicais, como aqueles produzidos pelo Teatro de Arena de São Paulo, nos anos de 1960, a música unificava o debate estético e o ideológico, reforçando o nacional-popular como caminho para a resistência. Em Arena Conta Zumbi, a música de Edu Lobo foi de suma importância para enriquecer o texto de Boal e Guarnieri. Zumbi utiliza-se de vários gêneros musicais para representar brancos (hinos patrióticos ou iê-iê-iê) e negros (sambas e batuques).

A música enquanto discurso sonoro é produto de um contexto histórico, pois, o compositor capta através de sua arte as tensões vivenciadas pela sociedade tornando-a um veículo para exposição de idéias. Neste contexto, o Teatro de Arena, através de seus idealizadores, estreitou a relação entre cultura e poder, sendo a música concebida como um elemento para uso político. Essa arte atuaria no sentido de contribuir para tornar as condições favoráveis à tomada do poder, por meio da conscientização popular.

Para o Teatro de Arena, a música constitui um meio para a formação de uma consciência coletiva, na medida em que age como facilitadora da comunicação, onde música e letra expressam o mesmo sentimento; de outro modo, o discurso verbal ao ser reafirmado por ela, favorece a reflexão sobre determinada conjuntura histórica. Nesse sentido, emZumbi a música de Edu Lobo foi composta dentro de uma tessitura (conjunto de notas que podem ser emitidas por uma voz ou um instrumento) que favorece o canto coletivo, conseqüentemente a assimilação da letra.

Trecho extraído de "Arena conta Zumbi: a canção enganjada no teatro", de MARIA APARECIDA PEPPE.

Nesse contexto entrou a canção "Estatuinha", aqui com Marília Medalha, numa remontagem da peça:

http://www.youtube.com/watch?v=LszFZd_aLOo



domingo, 8 de agosto de 2010

"Pai"




Eudóxio de Brito Falcão


Salvador Santos Falcão


Eudóxio Falcão


Salvador Lacerda Falcão e Renato Santos Falcão

Pai



Pai, pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos, pai e filho talvez

Pai, pode ser que daí você sinta, qualquer coisa entre esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz....

Pai, pode crer, eu tô bem eu vou indo, tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer...

Pai, eu não faço questão de ser tudo, só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você

Pai, senta aqui que o jantar tá na mesa, fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida, onde a vida só paga pra ver

Pai, me perdoa essa insegurança, é que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo, nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu

Pai, eu cresci e não houve outro jeito, quero só recostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa e brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai, você foi meu herói meu bandido, hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho, você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz


Pai (Fabio Junior) - Fabio Junior(1978)
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Pai (Fabio Junior) - Fafa de Belem(1998)

Pai (Fabio Junior) - Moacyr Franco(1994)

Pai (Fabio Junior) - Fabio Junior ao vivo

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Mangueira"

Mangueira (Assis Valente & Zequinha Reis) - Aracy de Almeida(1966)
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Mangueira (Assis Valente & Zequinha Reis) - Bando da Lua(1935)

Mangueira (Assis Valente & Zequinha Reis) - Vadico e seu Conjunto(1959)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

"Evangelho"

Evangelho

Eta mundo que a nada se destina
Se maior se faz, mais se arruína
Se mais quer servir, mais nos domina
Se mais vidas dá, são mais os danos
Se mais deuses há, mais são profanos
Estes pobres de nós seres humanos

Eta vida, essa vida de infelizes
Quanto mais coração, mais cicatrizes
No amor é que a dor cria raízes
De dentro do bem é que o mal trama
Da felicidade cresce o drama
Dessas tristes de nós vidas humanas

Eta tempo que em pouco nos devora
O pavio da vela apagará
Quanto mais se partir tempos afora
Mais nos tempos de agora se estará
E mais tarde quando o tempo melhora
A nossa mocidade onde andará?

Eta morte que acaba tempo e vida
O mundo não conseguiu saída
É o fim mas pode ser o começo
Quem tenta fugir faz sempre o avesso
E quanto mais vidas se cultiva
Mais a morte alimenta a roda viva


Evangelho (Dori Caymmi & Paulo Cesar Pinheiro) - Dori Caymmi(1982)
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Evangelho (Dori Caymmi & Paulo Cesar Pinheiro) - MPB4(1975)

Evangelho (Dori Caymmi & Paulo Cesar Pinheiro) - Paulo Cesar Pinheiro ao vivo(1976)

Evangelho (Dori Caymmi & Paulo Cesar Pinheiro) - Dori Caymmi & Paulo Cesar Pinheiro ao vivo



A CANÇÃO CONTADA

Em 2010, Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro completam 41 anos de parceria.

A canção “Evangelho”, composta em 1969, marcou o início da parceria. De lá

para cá, fizeram juntos mais de 60 músicas.