Tocar na argila
O que é que vai nascer?
Vai nascer pote pra gente beber
Nasce panela pra gente comer
Nasce vasilha, nasce parede
Nasce estatuinha bonita de se ver
Se a mão livre do negro
Tocar na onça
O que é que vai nascer?
Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas
Nasce tapete pra cobrir o nosso chão
Nasce caminha para cobrir nosso ialê
E atabaque pra se ter onde bater
Se a mão livre do negro
Tocar na palmeira
O que é que vai nascer?
Nasce choupana pra gente morar
E nasce a rede pra gente embalar
Nascem as esteiras pra gente deitar
Nascem os abanos pra gente abanar
Pra gente abanar, pra gente abanar
A música enquanto discurso sonoro é produto de um contexto histórico, pois, o compositor capta através de sua arte as tensões vivenciadas pela sociedade tornando-a um veículo para exposição de idéias. Neste contexto, o Teatro de Arena, através de seus idealizadores, estreitou a relação entre cultura e poder, sendo a música concebida como um elemento para uso político. Essa arte atuaria no sentido de contribuir para tornar as condições favoráveis à tomada do poder, por meio da conscientização popular.
Para o Teatro de Arena, a música constitui um meio para a formação de uma consciência coletiva, na medida em que age como facilitadora da comunicação, onde música e letra expressam o mesmo sentimento; de outro modo, o discurso verbal ao ser reafirmado por ela, favorece a reflexão sobre determinada conjuntura histórica. Nesse sentido, emZumbi a música de Edu Lobo foi composta dentro de uma tessitura (conjunto de notas que podem ser emitidas por uma voz ou um instrumento) que favorece o canto coletivo, conseqüentemente a assimilação da letra.
Trecho extraído de "Arena conta Zumbi: a canção enganjada no teatro", de MARIA APARECIDA PEPPE.
Nesse contexto entrou a canção "Estatuinha", aqui com Marília Medalha, numa remontagem da peça:
http://www.youtube.com/watch?v=LszFZd_aLOo
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