à nata da malandragem,
que conheço de outros
carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal,
o que dá de malandro
regular profissional,
malandro com o aparato de
malandro oficial,
malandro candidato
a malandro federal,
malandro com retrato
na coluna social;
malandro com contrato,
com gravata e capital, que
nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha,
tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe, chacoalha, no trem da central
| Nota   sobre Homenagem ao malandro Por Jairo Severiano e Zuza   Homem de Mello | |
| 
 | |
| A época da estréia do   musical "Ópera do Malandro", Chico Buarque descreveu e   justificou o ambiente da peça em entrevistas a Isto É e Manchete: "Nós   pegamos a Lapa, os bordéis, os agiotas, os contrabandistas, os policiais   corruptos, os empresários inescrupulosos. (...) Tomamos como ponto de partida   o que o italiano chama de Malacittá, o bas fond. Esta Lapa (que) começava a   morrer era o prenúncio de uma série de outras mortes: da malandragem, de   Madame Satã, de Geraldo Pereira, de Wilson Batista. Foi o fim da era de ouro   do sambista urbano carioca. "Essa história está contada na letra de   "Homenagem ao Malandro", uma das melhores composições do   musical: "Eu fui fazer um samba em homenagem / à nata da malandragem   que conheço de outros carnavais / eu fui à Lapa e perdi a viagem / que aquela   tal malandragem não existe mais..." E prossegue, retratando o   "novo" malandro, "o malandro profissional",   "oficial", "candidato a malandro federal", arrematando:   "Mas o malandro pra valer / - não espalha-/ aposentou a navalha /   (...) / até trabalha / mora lá longe e chacoalha / num trem da Central..."   "Homenagem ao Malandro" é um samba rasgado, com direito a   solo de trombone do grande Maciel, breques e uma adequada interpretação de   Chico Buarque. No álbum duplo do musical, só lançado em dezembro de 79, este   samba é cantado pelo malandro Moreira da Silva, que vive assim o personagem   João Alegre. Fonte: Livro 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1ª edição, 1997, editora 34 | |

 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário