E que minha alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora
Volta, fica comigo só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta, meu amor
Fica comigo, não me despreze
A noite é nossa e o meu amor pertence a ti
Hoje eu quero paz,
Quero ternura em nossa vida
Quero viver, por toda vida, pensando em ti
Hoje eu quero paz,
Quero ternura em nossa vida
Quero viver, por todo vida, pensando em ti
Valdick Soriano foi um cantor desses a quem os bem letrados e bem nascidos costumam chamar de brega. Fez muito sucesso durante toda sua longa vida artística, diferente de outros dignos representantes da nossa “MPB” tão defendidos e elogiados pelos mesmos críticos.
Autor de centenas de composições, sendo a maioria boleros tipo dor-de-cotovelo, tinha um jeito próprio de ser, vestir, cantar e fazia o estilo machão latino que a muitas –pasmem – agradava. Dizia que nunca apanhou e parece até que foi verdade, mas só até o dia em que resolveu tirar proveito da rivalidade entre Crato e Juazeiro, cidades do sul do Ceará, bem na divisa com a terra de seu Luiz, o rei do baião.
Corria o ano de 1966 e tanto cratenses como juazeirenses gozavam da paz e tranquilidade que em suas cidades só eram quebradas com a visita indesejável de alguém da cidade vizinha. Era assim mesmo. A gente ia festar no Crato e apanhava, eles vinham pra Juazeiro, levavam o troco.
Sabedor disso, Valdick resolveu tirar proveito e falou mal de Juazeiro durante o show que fez no Crato. Como agradou, se empolgou, repetiu a dose e desceu a lenha no Crato quando foi cantar
Lembro quando ele chegou a Juazeiro e parou na entrada pensando que o pessoal estava ali para saudá-lo. Coitado, vinha enfiado num terno de tropical azul e montado num Gordini vermelho novinho (40hp de emoção, dizia a propaganda). Foi muita emoção. O homem levou um cacete danado. Quanto mais apanhava mais o povo batia. Só pararam quando a polícia interveio sem muita vontade. Já o carro, coitado, saiu do furdum todo riscado e amassado. Mas o pior ainda estava por vir, foi o golpe de mestre pra fechar a história.
Carlão, jovem filho de uma família tradicional, pegou a camionete cachorreira do pai caçador e saiu com um amigo a catar tudo que era cachorro de rua da cidade. O show transcorria normalmente na quadra João Cornélio, quando chegou ao ápice, Carlão embocou a traseira da camionete na entrada da quadra e soltou os cachorros que haviam catado, todos com uma placa onde se lia: eu não sou Valdick não clique aqui!.
4 comentários:
Salvador,
Quanta honra ter um texto meu no qual delas.
Sua generosidade me emociona.
Essa história é verdadeira mesmo. Lembro até do nome do cabra que distribuia pregos pro pessoal desenhar no carro do Valdick.
Foi uma zorra mesmo, menos pro Valdick.
Abraços
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