sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"Direitos exclusivos"

Direitos exclusivos

Quem é você pra ter,
Direitos exclusivos,
Querendo ser feliz,
No meio de infelizes,
Quem brinca com a dor,
É sempre o mais doido,
Não quero teu amor,
Com quem não fez amigos.

Quem é você pra vir,
Zombar de alguém vencido,
Mostrando seu perfil,
Coberto em cicatrizes,
Quem brinca com o mal,
É sempre o mais ferido,
Assuma o seu lugar,
Ou siga o seu caminho.

Eu dificilmente sonho acordada,
Bebo as aflições na mesma taça de alegrias,
Eu ultimamente ando ocupada,
Até pra brincar de esconder com a vida.

Eu dificilmente sonho acordada,
Bebo as aflições na mesma taça de alegrias,
Eu ultimamente ando ocupada,
Até pra brincar de esconder com a vida.


Direitos exclusivos (Claudio Jorge & Ivor Lancellotti) - Angela Maria(1983)
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Direitos exclusivos (Claudio Jorge & Ivor Lancellotti) - Fabyola Sendinni(1983)


A CANÇÃO CONTADA

Gosto muito de uma gravação feita pela Angela Maria de uma canção minha e do Ivor Lancellotti, "Direitos exclusivos". Quando eu tinha meus 11 anos freqüentei o admissão do Colégio Salesiano, lá no Jacarezinho, onde tinha um grupo chamado "Pequenos Cantores da Guanabara", do qual eu fiz parte durante um ano. Uma vez fomos cantar no programa do Paulo Gracindo, lá na Rádio Nacional. Era dia das mães e a emoção foi enorme. Principalmente quando entrou a Angela Maria cantando. Ter sido gravado por ela é um dos presentes que a música me deu.

Cláudio Jorge em entrevista ao site www.alomusica.com.br

domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Charles anjo 45"

Charles anjo 45
Oba, oba, oba charles

Como é my friend Charles
Como vão as coisas Charles?

Charles.........Anjo 45...protetor dos fracos e dos
oprimidos

Robin Hood dos morros..rei da malandragem..um homem de
verdade

Com muita coragem......Só porque, porque, porque
Charles marcou bobeira

Foi tirar férias forçadas..numa colônia penal, oba
Oba, oba, oba charles
Como é my friend Charles

Como vão as coisas Charles?

Charles.........Anjo 45...protetor dos fracos e dos
oprimidos

Mas Deus é justo e verdadeiro e antes de acabar as
férias nosso Charles vai voltar

Para alegria geral, antecipando o carnaval, vai ter
batucada, missa em ação de graças
Whisky com feijoada e outras milongas m
Oba!....oba, oba, oba Charles

Como é my friend Charles

Como vão as coisas Charles?

Charles.........Anjo 45...protetor dos fracos e dos
oprimidos



Mas Deus é justo e verdadeiro e antes de acabar as
férias nosso Charles vai voltar

Para alegria geral, antecipando o carnaval,
vai ter batucada, missa em ação de graças
Whisky com feijoada e outras milongas mais

Oba!....oba, oba, oba Charles

Como é my friend Charles



Charles anjo 45 (Jorge Ben) - Gal Costa ao vivo(1971)
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Charles anjo 45 (Jorge Ben) - Jorge Ben ao vivo(1969)

Charles anjo 45 (Jorge Ben) - Caetano Veloso & Jorge Ben(1969)



A CANÇÃO CONTADA

Era 1969 e a ditadura ia muito bem, obrigada, no comando do Brasil. Reprimia qualquer oposição. Torturava gente nas celas de delegacia, matava guerrilheiros, sabotava ações. E pentelhava os artistas que era uma beleza. Caetano Veloso, por exemplo, teve mais problemas ainda quando resolveu gravar “Charles Anjo 45″.


A letra falava de um bandido da vizinhança onde Jorge morava. Claro que eram os idos de 1969 e os comandantes dos morros talvez tivessem um quê de inocência. De qualquer forma, para quem pensava que era de hoje que a ausência do Estado tornava possível a ascensão de um traficante como benfeitor social, aí está “Charles Anjo 45″, lançada em 1969. Ou seja: nesse aspecto, o negócio tá ruim faz tempo…


O que, é claro, não tira a beleza da música. “Charles, anjo 45" foi feita e inspirada no malandro carioca. E, além de tudo, Charles, anjo 45 porque ele usava uma 45 [tipo de arma] e ele era um anjo, porque quando ele chegava tudo ficava bem. Tudo se transformava”, disse Jorge Benjor em uma entrevista para o programa Roda Viva, da TV Cultura.


Claro que a ditadura encrespou. Viu na letra mais uma apologia ao banditismo. Como se já não bastasse o frisson que o artista plástico Hélio Oiticica havia causado com sua estampa de uma foto de jornal que mostrava um traficante famoso à época, o Cara de Cavalo, morto pela polícia — e legendada pelo artista com a provocativa frase “Seja marginal, seja herói”.


E, se a apologia não fosse ao banditismo, a letra de “Charles Anjo 45″ era ainda pior: devia estar fazendo referências aos guerrilheiros. A Lamarca, ou a Che Guevara. De qualquer forma, acharam que não pegava bem sair por aí cantando um marginal. Não demorou para que os militares chamassem todo mundo para se explicar. Jorge não teve maiores problemas porque se posicionava como um artista apolítico desde o começo da carreira. Já Caetano… bom, logo Caetano seria sutilmente induzido a sair do país, junto com seu amigo Gilberto Gil.


Mas isso já é outra história.

Extraído do blog “Multidisciplinar”, de Clarissa Passos

Não. A música "Charles Anjo 45", de Jorge Ben, não é uma homenagem póstuma ao guerrilheiro escondido nos morros do Rio de Janeiro. Porque ele está bem vivo. Sobreviveu às perseguições e hoje leva uma vida pacata em Porto Alegre. Seu verdadeiro nome é Avelino Capitani. No dia 18 de agosto ele completou 59 anos (a vida que levou se reflete nos traços do rosto, já que aparenta muito mais). A sala da casa onde mora - uma doação de familiares - quase não tem móveis. Apenas dois sofás e uma mesinha para a TV. Foi decorada com balões para celebrar a data. Uma exigência que a filha Juliana, de cinco anos, fez à mãe, Teresa, mulher de Capitani. O presente? O que ele mais queria era ser incluído no rol dos anistiados, que completaram 20 anos de retomada dos direitos civis e políticos no final de agosto. Ele e outros 400 companheiros ainda não sabem o que é isso.

A história do marinheiro Avelino começou em 1960, no início de uma década polarizada por duas correntes: a esquerda nacionalista e a direita conservadora. Essas eram as expressões da época. Gaúcho de Lajeado, Capitani ingressou na Marinha aos 20 anos. O colono do interior foi direto para o Rio de Janeiro. Dois anos depois, era criada a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais que tinha como reivindicações o direito ao casamento, o fim do livro de castigos, o direito a andar como civil em casa. A Marinha se negou a conceder esses direitos sociais e, sem muita saída, a Associação acabou se alinhando às chamadas forças nacionalistas.

O que veio depois é uma história pouco narrada nos livros oficiais, mas ainda presente na memória de seus personagens. “À tardinha, no dia posteior ao golpe militar, dez mil soldados estão a postos para atacar três mil marinheiros, aquartelados, com tanques e canhões; se aproximando do Rio, mais 50 mil soldados vindos de São Paulo”, recorda. Capitani estava no comando do movimento e viu homens chorando com a iminência da morte.

Como revanche à ousadia dos marinheiros, veio a perseguição às lideranças do movimento. Ao todo, 1.509 homens foram expulsos e processados; 400 foram condenados. A soma total das penalidades chega a 13 séculos de prisão, 1.300 anos, “a maior pena coletiva da história do Brasil”. A Marinha, além disso, mandou ofício circular para todas as empresas brasileiras proibindo dar oportunidade de emprego aos condenados. Sem alternativa de vida, muitos se refugiaram no interior, outros foram viver de biscate. E uma outra parte, onde Capitani se inclui, caiu na clandestinidade. Capitani foi preso, fugiu, se asilou no Uruguai e fez treinamento de guerra em Cuba. De volta ao Brasil, clandestino, participou da Guerrilha de Caparaó - o primeiro foco guerrilheiro no Brasil. Foi mais ou menos nessa época que surgiu o codinome que o acompanhou por um bom tempo de sua vida: "Charles Anjo 45".

O nome de guerra era Charles porque ele era loiro, parecendo um europeu. Anjo porque numa das penitenciárias foi atendido por um grupo de estagiárias de assistência social que o apelidaram de anjo loiro. E 45... bem, porque na guerrilha ele usava uma pistola 45.

Quando foi ferido, o anjo loiro subiu o morro para escapar do cerco. Na fuga, foi ajudado por moradores da favela, mas deixou um rastro de sangue. “Como eu desapareci, pensaram que eu estava morto. Daí o Jorge Ben fez a música”, relata. Capitani viveu clandestinamente até a promulgação da lei da anistia, em 28 de agosto de 1979. Só que a lei não o beneficiou.

Na verdade, Avelino Capitani não foi anistiado até hoje. “A Marinha sempre negou anistia aos marinheiros. Ela eternamente recorre na Justiça de um processo que ainda está em andamento”, reclama. Capitani foi anistiado dos crimes políticos, mas pleiteia seus direitos profissionais e a reintegração às suas funções. “Todos os políticos e comandantes estão anistiados; os marinheiros condenados, não. Os torturadores, inclusive os meus, estão anistiados; eu, torturado, não”. Em virtude disso, Capitani nunca conseguiu se aposentar e vive de trabalhos esporádicos.

Dos 1.509 marinheiros expulsos e condenados, cerca de 800 pediram incursão na lei da anistia (os outros morreram ou estão desaparecidos). A metade dos 800 conseguiu ser anistiada, outra metade ainda luta na Justiça. “Não sei se vou conseguir. Só faltam os marinheiros serem anistiados, nós somos perseguidos políticos até hoje”.

Márcia Camarano no site www.sinpro-rs.org.br

sábado, 6 de fevereiro de 2010

"Brejeiro"

Brejeiro (Ernesto Nazareth) - Guarana e sua Orquestra(1956)
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Brejeiro (Ernesto Nazareth) - Luiz Eca(1976)

Brejeiro (Ernesto Nazareth) - Yamandu Costa ao vivo(2007)



A CANÇÃO CONTADA

"Brejeiro", composto em 1893, uma de suas composições mais famosas, é considerado o marco do tango brasileiro. Em razão de dificuldades financeiras, Nazareth vendeu os direitos dessa peça para a Editora Fontes e Cia. por 50.000 réis, o qual chegou a ser gravado pela banda da Guarda Republicana de Paris. Embora tenha composto obras as quais denominou de tango-brasileiro, Nazareth fazia uma diferenciação entre o choro e o tango-brasileiro, esta por ele considerada música pura.

Extraído do site musicabrasileira.org

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"A preta do acaraje"

A preta do acarajé

DC - Dez horas da noite, na rua deserta

a preta mercando parece um lamento



CM - Iê abará



DC - Na sua gamela tem molho cheiroso

pimenta da Costa, tem acarajé



CM - Ô acarajé ecó olalai ô ô

Vem benzê ê ê



DC - Todo mundo gosta de acarajé (bis)



CM - Mas o trabalho que dá p'rá fazê é que é (bis)



DC - Todo mundo gosta de acarajé (bis)

Todo mundo gosta de abará (bis)



CM - Mas ninguém qué sabê o trabalho que dá

Ninguém qué sabê o trabalho que dá



DC - Todo mundo gosta de abará (bis)

Todo mundo gosta de acarajé



CM - Iê abará



Coro - Iê abará



DC - Dez horas da noite, na rua deserta

quanto mais distante, mais triste o lamento



CM - O acarajé ecó olalai ô ô

Vem benzê ê ê, tá quentinho



Coro - Todo mundo gosta de acarajé!



A preta do acaraje (Dorival Caymmi) - Dorival Caymmi(1985)
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A preta do acaraje (Dorival Caymmi) - Gal Costa(1979)

A preta do acaraje (Dorival Caymmi) - Na Ozzetti ao vivo(2009)



A CANÇÃO CONTADA

Iguaria que melhor representa a culinária africana no Brasil, o acarajé é feito com massa de feijão fradinho, frito em azeite de dendê, e recheado com vatapá, vinagrete, camarões secos, e pimenta. A origem do nome vem do akará, alimento sagrado oferecido a Iansã – deusa africana que controla o fogo, os ventos e as tempestades.

Desde 2005, a iguaria é considerada patrimônio imaterial pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Na música “A Preta do acarajé”, o compositor baiano Dorival Caymmi, imortalizou a figura da baiana cantando durante o preparo do quitute.


“A preta mercando
Parece um lamento
Ê o abará
Na sua gamela
Tem molho e cheiroso
Pimenta da costa
Tem acarajé
Ô acarajé é cor
Ô la lá io
Vem benzer
Tá quentinho”.

Extraído do site www.brasilsabor.com.br

Chegando ao Rio de Janeiro em 1938, Caymmi não demorou, foi contratado pela Rádio Tupi, Mayrink Veiga e Rádio Transmissora, onde apresentou a canção "O que é que a baiana tem?", gravada em fevereiro de 1939 pela Odeon, por Caymmi e Cármen Miranda, juntamente com "A preta do acarajé".