E que teve seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso, nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar
Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação
E às pessoas que detesto
Diga sempre que eu não presto
Que o meu lar é um botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim
Música composta em 1937, quando Noel Rosa já com tuberculose bastante avançada e sentindo que não viveria muito tempo, compôs em homenagem a Ceci, Juraci Correia de Moraes, bailarina de cabaré e grande paixão de Noel. Esta composição foi uma espécie de despedida de Noel em relação à sua amada Ceci. Foi sua penúltima composição, cuja letra foi entregue a Ceci por um amigo comum pouco antes de falecimento de Noel.
Extraído do site "Paixão e Romance".
O marcante samba-canção "Último desejo", do carioca Noel Rosa, foi gravado em julho de 1937 por Aracy de Almeida, conterrânea e intérprete predileta do autor. A gravação, ocorrida nos estúdios da Victor, contou com acompanhamento do conjunto musical "Boêmios da Cidade", que tinha entre os seus integrantes o flautista Benedito Lacerda, o preferido de Pixinguinha. O lançamento foi em agosto de 1938.
Um dos grandes sucessos de Aracy de Almeida é "Último desejo". Mas há algo que intriga na gravação. Num dos versos ela canta Pois meu último desejo você não pode negar em vez de Mas meu último desejo… No fim da canção ainda cantarola: Meu lar é um botequim. Em gravações de outros cantores está Meu lar é o botequim. Uma mudança de artigo que muda todo o sentido.
A explicação desse mistério é bem simples: Aracy cantou errado. O caso é explicado no livro "Noel Rosa: Uma biografia", de João Máximo e Carlos Didier.
Extraído do site "Almanaque Brasil".
O ano era 1936. O compositor estava com a saúde debilitada quando recebeu a visita de um amigo. Ele logo lhe deu a notícia: “Acabei de ouvir a Aracy cantar Último desejo no rádio”. “Mas como? Ela nem aprendeu o samba direito”, falou Noel. “É, eu percebi”, retrucou o amigo.
Noel ficou bravo. Disse que nunca mais daria uma composição sua para a cantora. Mas, pouco depois – provavelmente por estar muito doente - esqueceu o assunto.
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