Para muitos o cinema é o conjunto dos grandes filmes. Para outros, o cinema não passa de uma técnica de ilusão. Mas para aquele que quer conhecer a história do século XX, para quem busca desvendar o segredo dos deuses e das lendas do homem contemporâneo, o cinema é, sem qualquer dúvida, a mais importante das fontes de informação. Daí a importância dos cinejornais. Como gênero de cinema, em todo o mundo, o cinejornal esteve presente registrando o século. No Brasil desde os anos cinqüenta, o CANAL 100 criou a legenda dos grandes cinejornais. O criador Carlos Niemeyer, começou a fazer cinema nos anos 50, produzindo com Jean Manzon alguns documentários sobre o Rio de Janeiro. Em 1958 fundou sua própria produtora que mais tarde se especializou em cinejornal, surgia o Canal 100 que de 1959 à 1986 produziu um cinejornal por semana, formando um importante acervo cinematográfico dos acontecimentos jornalísticos da época. (aproximadamente setenta mil minutos de imagens) O nome Canal 100 foi uma analogia à televisão que até recentemente se identificava pelo número do Canal. Canal 13(Tv Rio), Canal 6 (Tv Tupi), Canal 4 (Tv Globo), etc. Canal 100 era na visão de Carlos Niemeyer um número inatingível pela Televisão. Desde 1959 as lentes do CANAL 100 tentam inovar; Seja na simples criação das vinhetas, ou na "mis en scene" da montagem, e principalmente nas filmagens, onde sobressaiu , Francisco Torturra , o melhor cinegrafista de futebol da história dos cinejornais. Tudo sob a supervisão de Carlos Niemeyer. Na parte musical , foram compostas trilhas para cada vinheta do jornal, uma delas com partituras do maestro Tom Jobim. No futebol, após diversas tentativas, descobriu-se o samba de Luis Bandeira, "Na cadencia do Samba" que virou hino e trilha sonora do futebol brasileiro. Criador de um estilo próprio, foi no futebol que a marca do nosso jornal se tornou mais famosa. O perfeito casamento entre o maior esporte do mundo e a síntese de todas as artes, o cinema. Como dizia Nelson Rodrigues: "Foi a equipe do CANAL 100 que inventou uma nova distância entre o torcedor e o craque, entre o torcedor e o jogo, grandes mitos do nosso futebol, em dimensão miguelangesca, em plena cólera do gol. Suas coxas plásticas, elásticas enchendo a tela. Tudo o que o futebol brasileiro possa ter de lírico, dramático, patético, delirante…" Mas, apesar de todo o sucesso, os tempos mudaram e em 1985 o ministério da Cultura do Governo Figueiredo, apoiado pelos lobistas do cinema americano, inviabilizou a produção, proibindo a propaganda comercial em cine-jornal. Era o fim do futebol do Canal 100 e de um estilo brasileiro de fazer cinema. "Extraído do site do Canal 100" |